sábado, 29 de outubro de 2011

Uma Vírgem Conceberá e dará à Luz Um Filho


Uma Vírgem Conceberá e dará à Luz Um Filho


tdlyw hrh hmleh hnh twa Mkl awh ynda Nty Nhl
la wnme wmv tarqw Nb

Lahen Yten Adonai Hu Lakhem Ot; Hinê HaAlmá Hará VeYoledet Ben VeQarata Shemô Imanu El.

Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel.
(Isaías 7:14)


O Problema


     Um amigo do ORKUT me enviou um scrap me perguntando sobre como ele poderia resolver a problemática das Escrituras Sagradas que diz respeito ao nascimento do Messias; "afinal de contas, ele era mesmo filho de José ou teria Maria traido o seu marido com o soldado romano de nome Ben Pandira?" Me perguntou ele, pois, segundo ele, um judeu lhe disse que só haveria essas duas possibilidades. Ao meu ver esta é uma questão boba que é levantada pelos judeus que não aceitam a B’sorat HaQuedoshá – Novo Testamento como parte integrante da Palavra de HaShem a fim de confundir os simples, em todo o caso, aproveitei o ensejo para usár o assunto como tema para uma postagem sobre a questão, espero que gostem.

     A questão sobre Isaías 7:14 é a seguinte: “De quem Isaías está falando neste versículo?”
     A resposta para essa pergunta se torna ferramenta fundamental para acreditar ou desacreditar do Nascimento Virginal do Mashiach, pois, uma vez desacreditado o Nascimento Virginal, fica fácil menosprezar o Novo Testamento como não sendo Palavra de Deus, porém, se alguém puder dar crédito, vinculando essa passagem de Isaías 7:14 com o Nascimento Virginal então se tornará cada vez mais difícil para os judeus que não aceitam o Novo Testamento como Palavra de Deus de desacreditá-lo para os judeus que aceitam o Novo Testamento como Palavra de Deus e isso significa basicamente duas coisas:

1  1-    O número de judeus que acreditam na B’sorat HaQuedoshá – Novo Testamento como parte integrante da Palavra de Deus continuará aumentando.
2   2-    Os conceitos predominantes do que vem a ser Judaísmo e Cristianismo certamente num futuro próximo por necessidade de sobrevivência terão que se auto-redefinirem – como de fato já tem ocorrido com ambas religiões no decorrer das eras, porém, o próximo passo nesse sentido será dado de uma forma um tanto radical tendo em vista o “rumo moderno das coisas”.


As argumentações


     Para os que defendem o Nascimento Virginal se apoiarão nessa passagem de Isaías 7:14, fundamentando o tom profético do ocorrido. Os que não defendem por outro lado, procurarão desacreditar aos que crêem com o seguinte argumento: “O que Isaías estava dizendo para o rei Acaz era que naquele tempo o Eterno, Bendito Seja o Seu Nome, prometera livrá-lo das mãos de Efraim e dos sírios e que tal livramento se iniciaria nos dias de Acaz rei de Judá, porém, teria a sua conclusão nos dias do filho do rei Acaz que este teria com uma jovem moça, e esta moça como sinal do cumprimento da Profecia de Isaías teria um filho que reinaria em lugar de seu pai (o rei Acaz) e que pelo fato de que somente o Reino de Judá iria restar na Judéia (pois o Reino de Israel seria levado pelos assírios) este menino seria considerado como Deus no meio do povo, pois, pelas mãos dele o livramento do Eterno sobre a Judéia se completaria por intermédio deste menino e isto foi considerado um “Sinal” como profetizado por Isaías.”

Raciocinando


     Ao lermos todo o capítulo, poderemos sentir o contexto histórico da passagem e assim obtermos uma visão mais clara do que estava acontecendo na Judéia naquele tempo e portanto, a necessidade da Intervenção Divina:

“Sucedeu, pois, nos dias de Acaz, filho de Jotão, filho de Uzias, rei de Judá, que Rezim, rei da Síria, e Peca, filho de Remalias, rei de Israel, subiram a Jerusalém, para pelejarem contra ela, mas nada puderam contra ela. E deram aviso à casa de Davi, dizendo: A Síria fez aliança com Efraim. Então se moveu o seu coração, e o coração do seu povo, como se movem as árvores do bosque com o vento. Então disse o SENHOR a Isaías: Agora, tu e teu filho Sear-Jasube, saí ao encontro de Acaz, ao fim do canal do tanque superior, no caminho do campo do lavandeiro. E dize-lhe: Acautela-te, e aquieta-te; não temas, nem se desanime o teu coração por causa destes dois pedaços de tições fumegantes; por causa do ardor da ira de Rezim, e da Síria, e do filho de Remalias. Porquanto a Síria teve contra ti maligno conselho, com Efraim, e com o filho de Remalias, dizendo: Vamos subir contra Judá, e molestemo-lo e repartamo-lo entre nós, e façamos reinar no meio dele o filho de Tabeal. Assim diz o Senhor DEUS: Isto não subsistirá, nem tampouco acontecerá. Porém a cabeça da Síria será Damasco, e a cabeça de Damasco Rezim; e dentro de sessenta e cinco anos Efraim será destruído, e deixará de ser povo. Entretanto a cabeça de Efraim será Samaria, e a cabeça de Samaria o filho de Remalias; se não o crerdes, certamente não haveis de permanecer. E continuou o SENHOR a falar com Acaz, dizendo: Pede para ti ao SENHOR teu Deus um sinal; pede-o, ou em baixo nas profundezas, ou em cima nas alturas. Acaz, porém, disse: Não pedirei, nem tentarei ao SENHOR. Então ele disse: Ouvi agora, ó casa de Davi: Pouco vos é afadigardes os homens, senão que também afadigareis ao meu Deus? Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel. Manteiga e mel comerá, quando ele souber rejeitar o mal e escolher o bem. Na verdade, antes que este menino saiba rejeitar o mal e escolher o bem, a terra, de que te enfadas, será desamparada dos seus dois reis. Porém o SENHOR fará vir sobre ti, e sobre o teu povo, e sobre a casa de teu pai, pelo rei da Assíria, dias tais, quais nunca vieram, desde o dia em que Efraim se separou de Judá. Porque há de acontecer que naquele dia assobiará o SENHOR às moscas, que há no extremo dos rios do Egito, e às abelhas que estão na terra da Assíria; E todas elas virão, e pousarão nos vales desertos e nas fendas das rochas, e em todos os espinheiros e em todos os arbustos. Naquele mesmo dia rapará o Senhor com uma navalha alugada, que está além do rio, isto é, com o rei da Assíria, a cabeça e os cabelos dos pés; e até a barba totalmente tirará. E sucederá naquele dia que um homem criará uma novilha e duas ovelhas. E acontecerá que por causa da abundância do leite que elas hão de dar, comerá manteiga; e manteiga e mel comerá todo aquele que restar no meio da terra. Sucederá também naquele dia que todo o lugar, em que houver mil vides, do valor de mil siclos de prata, será para as sarças e para os espinheiros. Com arco e flecha se entrará ali, porque toda a terra será sarças e espinheiros. E quanto a todos os montes, que costumavam cavar com enxadas, para ali não irás por causa do temor das sarças e dos espinheiros; porém servirão para se mandarem para lá os bois e para serem pisados pelas ovelhas.”
(Isaías 7:1-25)


O Assunto


     O texto supracitado nos deixa claro que:

1   1-    O Reino de Judá estava sendo afrontado pelos reinos da Síria e de Israel.
2  2-    Se o Eterno não viesse em Socorro da Judéia, esta não teria escapado dos seus inimigos.
3   3-    Se o rei Acaz confiar no Auxílio de HaShem, será livrado da destruição e o seu país prosperará.
4   4-    Como prova disso, um Sinal seria dado, o Sinal era um menino que seria chamado de Deus pelos súditos do rei da Judéia e antes que esse menino soubesse diferenciar o bem do mal, os dois países – Síria e Israel – seriam destruídos por completo.

O que aconteceu realmente naqueles dias


     De fato a Síria e Israel não conseguiram destruir a Judéia, antes a Síria se voltou contra Israel e os levou como prisioneiros para a Síria e trouxe sírios e os pôs como colonizadores das terras israelenses dando origem aos samaritanos que hoje conhecemos. (2Reis 17:1-41) Porém, o citado menino não nasceu, não houve menino nascido de uma virgem que viesse a ser chamado de “Deus conosco”, e a abundância da terra também predita não se observou por aqueles dias.
     Na verdade, pouco depois daqueles dias, os judeus foram levados cativos pelo rei de Babilônia, passaram setenta anos no Exílio, mais tarde retornaram e reedificaram a Cidade Santa “em dias angustiosos”, e só houve de fato algum alívio para Israel quando se levantou a Dinastia dos Makabeus que trouxeram a muito custo a tão sonhada, porém curta independência da Judéia.
     Sendo assim; onde se encontra o problemático menino que nasceu e foi chamado de Deus conosco?!
     A prosperidade promovida pela Dinastia dos Makabeus se estendeu até o tempo do rei Herodes o Grande, apesar de não ter sido o rei dos sonhos para os judeus, ele a fim de se estabelecer em seu trono procurou agradar tanto aos romanos quanto aos judeus, dessa forma Herodes incentiva o comércio e a religiosidade da Judéia, atividades que, diga-se de passagem, são bem lucrativas. É nesse “cenário histórico” que poderemos finalmente sentir o tempo próspero profetizado por Isaías onde os dois reinos - Israel e Síria – já não existem mais. Dessa forma, tá na cara quem é o menino não é mesmo?
     Quando o mensageiro de Deus falou para Maria que ela conceberia e daria à Luz um menino e Ele seria o Salvador do Seu povo, aquele era o período histórico em que o rei Herodes o Grande governava a Judéia e portanto, o período próspero que mais se assemelhou com o quadro profético de Isaías.
     Pronto, resolvemos o problema.


A Contra Argumentação


     Acreditem, não resolvemos o problema. Os judeus que não aceitam a B’sorat HaQuedoshá como parte integrante da Palavra de Deus, ainda vão argumentar o seguinte: “Vocês estão enganados e estão enganando, pois, a palavra hebraica usada lá em Isaías não foi B’tulá – que quer dizer virgem mas, Almá – que quer dizer jovem, portanto Isaías não disse: “Uma virgem conceberá e dará à Luz um filho...”, antes ele disse: “Uma jovem grávida dará à Luz um filho...” de forma que a tradução cristã é mentirosa, Roma torceu o sentido real do versículo propositadamente.”

     Bom, de fato, existem no Hebraico duas palavras distintas uma para virgem e outra para jovem e Isaías usa no versículo em questão a palavra equivalente a jovem, como segue:

tdlyw hrh hmleh hnh twa Mkl awh ynda Nty Nhl
la wnme wmv tarqw Nb

Lahen Yten Adonai Hu Lakhem Ot; Hinê HaAlmá Hará VeYoledet Ben VeQarata Shemô Imanu El.

     E agora, como resolver essa “pendenga”?!
     Aqui no Nordeste, se alguém se referindo a uma jovem te disser: “Ta vendo aquela mulher; ela é moça.” Ele na verdade estará te dizendo: “Observa aquela jovem; ela é virgem.” De forma que moça e virgem aqui no Nordeste é sinônimo. É bem verdade que hoje as pessoas não se preocupam mais com esse tipo de assunto em ralação à virgindade como deveriam, mas ainda assim, mesmo num mundo tão jogado às traças como o nosso, aqui no Nordeste ainda o termo moça é sinônimo de virgem, eu mesmo tive duas tias avó que morreram com quase oitenta anos, elas eram beatas e morreram moças, entendeu?
     Dessa forma, seguindo essa linha de raciocínio, temos a certeza de que quando Isaías disse: “Um Sinal vos será dado; uma moça conceberá...” ele na verdade disse: “Um Sinal vos será dado; uma virgem conceberá...” pois, moça e virgem são termos sinônimos até os dias de hoje.
     Porém, você deve estar se perguntando: “Mas quem garante que a forma de pensar sobre ambos os termos dos judeus é a mesma forma dos nordestinos?” Ora, a História garante! Afinal de contas, mais 70% dos nordestinos são de origem judaica e não sabem. Mas se você ainda não se deu por convencido, deixe-me te trazer mais um fator histórico que se faz necessário agora; a primeira Bíblia confeccionada para os gentios foi a Septuaginta – a Bíblia em Grego – cuja tradução do Hebraico para o Grego foi encomendada por Ptolomeu do Egito, o rei helênico que era detentor da maior biblioteca do mundo daquela época, a famosa Biblioteca de Alexandria, cujo trabalho foi realizado por 72 sábios judeus, daí o seu nome Septuaginta ou a Versão dos Setenta. (História dos Hebreus – Flávio Josefo – Livro décimo segundo pg. 276)
     “Sim, mas o que isso tem haver com o assunto?” Você poderia perguntar. Bom, ao analisarmos o texto grego produzido pelos 72 sábios hebreus observaremos o seguinte:

Dia touto dwsei kurioj autoj umin shmeion idou h parqenoj em gastri exei kai texetai uion kai kaleseij to onoma autou Emmanouhl

     Observe; a palavra em destaque no versículo em Grego é a palavra parqenoj – Partenos, que quer dizer virgem. Ou seja, os 72 dois sábios judeus não encontraram problema algum em entender o termo jovem – Almá e virgem - B’tulá como sinônimos, isso ficou demonstrado em sua preciosa tradução, mesmo para os judeus, das Escrituras Sagradas do Hebraico para Grego, percebe; eles entenderam que quando Isaías se referiu a uma jovem que daria à Luz a um menino como um Sinal de Deus, Isaías só poderia estar falando de uma virgem que daria à Luz sem ter sido tocada por ninguém, doutra forma, onde estaria o Sinal Sobrenatural, pois, todos nós sabemos que se uma jovem saudável se deita com um homem, naturalmente ela conceberá e dará à luz uma criança, ninguém irá entender tal acontecido como algo sobrenatural, como um Sinal de Deus, por isso entenderam os 72 sábios judeus que Isaías estava falando de uma virgem mesmo quando escreveu “uma jovem”, a questão é que as pessoas procuram interpretar as Escrituras Sagradas a partir dos valores morais do nosso mundo moderno, isso naturalmente resultará em uma torção dos conceitos. Agora que entendemos que jovem e moça é sinônimo nas Escrituras Sagradas, devemos observar que: Se essa jovem que deu à Luz um Filho que seria chamado de “Deus conosco” não foi Maria, então quem foi? E se o menino em questão não foi Jesus, quem foi?
     Bom, para nós os judeus de Caruaru; a jovem profetizada por Isáias foi Miriam Bat Imran – Maria, e o menino foi Yeshua Bar El HaChai, o mesmo Yeshua Ben David HaMelekh, o mesmo Yeshua Ben Yossef:

“E o mesmo Jesus começava a ser de quase trinta anos, sendo (como se cuidava) filho de José, e José filho de Heli, e Heli filho de Matã, e Matã filho de Levi, e Levi filho de Melqui, e Melqui filho de Janai, e Janai filho de José, e José de filho Matatias, e Matatias filho de Amós, e Amós filho de Naum, e filho Naum de Esli, e Esli filho de Nagaí, e Nagaí filho de Máate, e Máate filho de Matatias, e Matatias de filho Semei, e Semei filho de José, e José filho de Jodá, e Jodá filho de Joanã, e Joanã filho de Resá, e Resá filho de Zorobabel, e Zorobabel filho de Salatiel, e Salatiel filho de Neri, e Neri filho de Melqui, e Melqui fihlo de Adi, e Adi filho de Cosã, e Cosã filho de Elmadã, e Elmadã filho de Er, e Er filho de Josué, e Josué filho de Eliézer, e Eliézer filho de Jorim, e Jorim filho de Matã, e Matã filho de Levi, e Levi filho de Simeão, e Simeão filho de Judá, e Judá filho de José, e José filho de Jonã, e Jonã filho de Eliaquim, e Eliaquim filho de Meleá, e Meleá filho de Mená, e Mená filho de Matatá, e Matatá filho de Natã, e Natã filho de Davi, e Davi filho de Jessé, e Jessé filho de Obede, e Obede filho de Boaz, e Boaz filho de Salá, e Salá filho de Naassom, e Naassom filho de Aminadabe, e Aminadabe filho de Arão, e Arão filho de Esrom, e Esrom filho de Perez, e Perez filho de Judá, e Judá filho de Jacó, e Jacó filho de Isaque, e Isaque filho de Abraão, e Abraão filho de Terá, e Terá filho de Nacor, e Nacor filho de Seruque, e Seruque filho de Ragaú, e Ragaú filho de Fáleque, e Fáleque filho de Éber, e Éber filho de Salá, e Salá filho de Cainã, e Cainã filho de Arfaxade, e Arfaxade filho de Sem, e Sem filho de Noé, e Noé filho de Lameque, e Lameque filho de Metusalém, e Metusalém filho de Enoque, e Enoque filho de Jarete, e Jarete filho de Maleleel, e Maleleel filho de Cainã, e Cainã filho de Enos, e Enos filho de Sete, e Sete filho de Adão, e Adão filho de Deus.”
(Lucas 3:23-38)


Shalom UL’Hitraot!!!

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Sefer Tanya 8° Parte


Sefer Tanya 8° Parte
     Após ter lido a sétima parte:
Daremos continuidade na apresentação do Sefer Tanya através do título:

Todo judeu tem duas almas


     Rabi Shneur Zalman de Liadi certa vez contou a seu neto, Menachem Mendel (que se tornou o terceiro Lubavitcher Rebe, mais conhecido como Tsemach Tzêdeq), o seguinte: "Quando eu tinha cinco anos, já sabia o significado do versículo: 'E Neshamot (almas) que eu fiz.' Eu sabia que em todo judeu, homem ou mulher, residem duas almas, uma das quais é a alma Divina, e a outra a alma animalesca. Sempre me empenhei muito, fazendo grandes esforços, para entender a profundidade de cada conceito, e assim passei muito tempo ponderando a diferença entre estas duas almas. Afinal, ambas são formadas pelo Criador, e a respeito de ambas o versículo declara: 'Eu fiz.'"
     A idéia de duas almas é o princípio fundamental do Tanya, e serve como uma chave a todo o mistério do coração humano. Segundo o princípio de que todo judeu tem duas almas, entenderemos a batalha travada entre elas no homem, e seu mau comportamento ocasional. E seremos apresentados ao serviço de Itkafiya – subjugação do Yetzer HaRá que é exigido do Benoni, e de It'hapcha – sublimação, ou transformação do mal em bem, que foi atingida por um Tzadiq.

Em todo judeu


     No primeiro capítulo do Tanya, baseado nos ensinamentos da Kabalá "que cada judeu, seja justo ou perverso, possui duas almas", Rabi Shneur Zalman afirma que estas duas almas são encontradas em todo judeu, independentemente de seu status, sua posição ou sua visão do mundo. Com estas duas almas o judeu nasce, e a existência delas dentro dele é um fato que não depende de sua vontade. Evidentemente, usá-las de uma maneira ou de outra, para o bom ou para o melhor, segundo seu próprio entendimento, é seu livre arbítrio.
     Cada uma dessas almas tem um completo conjunto de poderes e qualidades. Entendimento intelectual, atributos emocionais, desejos e ânsias, são expressos por estas almas em maneiras diferentes. Há numerosos detalhes e combinações de qualidades, e para entender corretamente a natureza do homem, estas coisas devem ser entendidas claramente.

     Na segunda metade do capítulo um, Rabi Shneur Zalman nos introduz de maneira geral à alma animalesca, Nefesh Ha-Behamit. Seu motivo para começar esta análise com a Nefesh Há-Behamit é que esta alma é a primeira a ser revelada no homem, como declara o versículo: "Pois a inclinação do coração do homem é o mal, desde sua juventude." No capítulo Dois, o autor nos familiarizará com a natureza da Alma Divina (que se torna revelada num estágio mais tardio, principalmente depois que a criança chega à idade de Bar/Bat Mitzvá).

Almas e inclinações


     É importante enfatizar que até este ponto, estávamos familiarizados com as fontes na Guemará e no Midrash que descrevem as duas inclinações, o Yetzer HaTov e o Yetzer HaRá. A idéia de "almas" é algo novo. Superficialmente, almas e inclinações poderiam parecer conceitos paralelos. De fato, um exame mais detalhado mostrará grandes diferenças entre elas. É explicado na Chassidut Chabad que enquanto "alma" envolve os conceitos mais amplos de vida e vitalidade ou força de vida, "inclinação" expressa apenas as tendências ou impulsos na direção do bem e do mal. As emoções que derivam do intelecto da alma animalesca são chamadas de Yetzer HaRá, ao passo que as emoções derivadas do intelecto da alma Divina são chamadas de Yetzer Tov.
     Rabi Shneur Zalman agora delineia algumas características fundamentais da alma animalesca em todo judeu. Esta alma não está incluída na categoria de santidade, mas ao contrário, origina-se na Klipá (literalmente "invólucro", uma metáfora para aquelas forças que ocultam a força de vida Divina encontrada em toda a criação, como uma casca ou concha que oculta o fruto), e a Sitrá Achra (literalmente, "o outro lado" – a antítese da santidade e pureza). Esta alma animalesca é revestida pelo sangue de um ser humano, dando vida ao corpo, como atesta o versículo: "Pois a Nefesh [i.e., a força de vida] está no sangue." Obviamente, o conceito de Nefesh também implica qualidades espirituais da alma, mas para enfatizar sua proximidade específica com a carne e com assuntos físicos, também é chamada "a Nefesh, alma, da carne". Desta alma derivam as qualidades humanas naturais, e juntamente com elas, todas as más características com as quais estamos familiarizados. Além disso, "desta alma brota também os bons traços inerentes ao caráter de todo judeu".


Não foi sem motivo que a "alma animalesca" recebeu este nome. Ela se caracteriza pela vontade poderosa e forte paixão que são típicas do reino animal. Apesar disso, estas características não são necessariamente negativas. Embora sejam qualidades naturalmente voltadas para coisas físicas e materiais, o homem tem a capacidade de mudar sua direção, de guiá-las no rumo positivo, e a usá-las para propósitos corretos, como é explicado nos ensinamentos chassídicos. Este é o desafio do homem.


... continua ...

domingo, 16 de outubro de 2011

Sefer Tanya 7° Parte


Sefer Tanya 7° Parte


Após ter lido a sexta parte:
Daremos continuidade na apresentação do Sefer Tanya através do título:

O Benoni


     Em geral, as pessoas podem ser classificadas em cinco categorias: o justo que prospera; o justo que sofre; o perverso que prospera; o perverso que sofre; e o intermediário — o Benoni.
     Neste capítulo, começaremos a examinar a natureza do Benoni, embora um completo entendimento de todas suas características esteja além de nosso alcance agora. A primeira tarefa à mão, então, será entender o que o Benoni essencialmente não é.


     No primeiro capítulo do Tanya, Rabi Shneur Zalman primeiro descarta a possibilidade de o Benoni ser alguém cujos atos são "metade virtuosos e metade pecaminosos". Sim, não é apenas o Yetzer HaTov, a boa inclinação, que é ativa dentro dele. O Yetzer HaRá, a má inclinação, também é bastante ativa. Mesmo assim, uma distinção deve ser feita entre ser ativo, embora com a maior energia, e o verdadeiro desempenho das transgressões. As ações do Benoni estão perfeitamente em ordem — ele jamais vacilará, nem mesmo em assuntos proibidos de menor importância. E de modo correspondente, ele tenta cumprir todas as Mitzvot, mesmo aquelas que são difíceis de desempenhar.


     Rabah como um Benoni Na mesma seção da Guemará que discute o funcionamento das duas inclinações, "os justos são julgados pela sua boa inclinação; os perversos são julgados pela sua má inclinação; e os intermediários são julgados por ambas", Rabah apresenta-se como um exemplo de Benoni: "Eu, por exemplo, sou um Benoni!" Abbaye, no entanto, discorda dele, dizendo: "Mestre, você faz o viver impossível para qualquer criatura…" Se Rabah e aqueles como ele estão apenas na categoria de Benoni, então não há homens justos neste mundo. Isso atiraria o mundo inteiro num estado de caos. Além disso, se Rabah, que é considerado por todos como sendo um Tzadiq, é de fato apenas um Benoni, em comparação com ele todos os demais seriam classificados como perversos, e os perversos, mesmo estando vivos, são considerados mortos.


     Não se pode tentar resolver este problema declarando que o Rabah estava simplesmente sendo humilde, ou que ele cometeu um erro a respeito de seu status espiritual. Em virtude da humildade, uma pessoa diminuiria apenas parcialmente seu valor, mas não o negaria totalmente. Ninguém declararia, por humildade, que é um animal em vez de um ser humano. Ele também não poderia ter errado neste assunto, pois ninguém erra a ponto de declarar que a areia é prata ou ouro. Um engano somente pode ocorrer quando distinguindo entre duas coisas similares. Assim, se um Benoni fosse alguém cujas ações fossem metade virtuosas e metade pecaminosas, Rabah jamais teria errado ao classificar-se como um Benoni.

     Como é bem conhecido, Rabah se destacou por sua integridade e seu enorme apego à santidade, e está registrado que sua boca jamais cessou de estudar Torá, para que nem mesmo o Anjo da Morte tivesse domínio sobre ele. Portanto, se uma pessoa tão pura errou ao considerar-se um Benoni, fica claro que o nível espiritual de um Benoni deve ser extremamente elevado, e a idéia de transgressão deve ser completamente excluída.

     A natureza do pecado Rabi Shneur Zalman explica ainda que mesmo uma rápida verificação da natureza do pecado nos levaria à conclusão de que o Benoni não pode ser alguém constituído de metade Mitzvot e metade transgressões. Após quantas transgressões uma pessoa pode ser classificada de má? Faria bastante sentido dizer que uma pessoa que não obedece a seu Criador mesmo uma só vez é perversa. Enquanto a palavra Mitzvá (da palavra Tzavta, significando "um nó") expressa a idéia de ligar alguém que cumpre a Mitzvá a seu Criador, a palavra para transgressão (Averá) implica que o pecador se transfere do domínio do Eterno, Bendito seja, a um domínio diferente.


     De fato, mesmo se uma pessoa não está realmente transgredindo no presente, mas está classificada como "aquele que peca" — ou seja, está no rumo do pecado, e quando surge uma oportunidade ele transgride — ele, também, é chamado totalmente perverso. (Isso é comparável a um ladrão, que é chamado de ladrão mesmo quando está dormindo). Além disso, para merecer o título de "perverso", a pessoa não precisa necessariamente transgredir as proibições mais sérias. Mesmo aquele "que viola uma proibição de menor importância dos Rabis é denominada perversa. E isso se aplica não somente àquele que transgride proibições, mas também àquele que não é suficientemente cuidadoso no cumprimento dos preceitos positivos — este, também, é chamado perverso.


     O Benoni é portanto uma pessoa livre de pecado. Ainda não estamos conscientes de todas estas qualidades positivas, mas à luz do acima exposto podemos entender como Rabah poderia ter errado em considerar-se um Benoni.


... continua ...

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Sefer Tanya 6°


Sefer Tanya 6°


Após ter lido a quinta parte: http://judeusdecaruaru.blogspot.com/2011/10/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x_09.html
Daremos continuidade na apresentação do Sefer Tanya através do título:

Definição e Classificação


     Antes que possamos entender as lições práticas que derivam das declarações de Nossos Sábios sobre o justo e o perverso, devemos primeiro definir exatamente estes conceitos. É com este objetivo que o autor do Tanya dedica a maior parte do primeiro capítulo, onde recebemos um quadro geral dos diversos níveis de integridade dentro dos quais as pessoas podem ser classificadas. A partir desta justaposição de várias declarações de Nossos Sábios sobre o justo e o perverso, Rabi Shneur Zalman demonstra que deve ser feita uma distinção clara entre expressões que retratam o verdadeiro estado de alguma coisa e aquelas expressões que são simplesmente as maneiras de falar normalmente aceitas. Em hebraico, há uma clara diferença semântica entre um termo descritivo que expressa a verdadeira natureza de uma coisa e um termo emprestado que faz uso figurativo do termo emprestado de seu uso real. Neste sentido, a palavra "Tzadiq" é geralmente usada para descrever qualquer pessoa íntegra que cumpre fielmente a Torá. E o termo "Benoni" é usado a respeito de recompensa e punição quando referindo-se a uma pessoa cujos atos e falhas estão igualmente balanceadas. No entanto, o significado correto destes termos, "Tzadiq" e "Benoni", é completamente diferente.




Cinco níveis


     Segundo a Guemara Berachot há cinco tipos distintos de pessoas: o justo que prospera; o justo que sofre; o perverso que prospera; o perverso que sofre; e o intermediário - o Benoni. Vemos ainda na Guemara que a condição material de uma pessoa é um reflexo e uma expressão de seu status espiritual, pois o sucesso do judeu na vida é determinado em grande parte por sua conduta espiritual. Fica claro, portanto, que um justo que prospera e um justo que sofre não possuem a mesma estatura espiritual. O justo que prospera no mundo material é um perfeito Tzadiq, e o justo que sofre no mundo material é um Tzadiq imperfeito. A Ra'aya Mehemna (seções do Zohar atribuídas a Moshê Rabeinu, que é chamado Ra'aya Mehemna - "o fiel pastor" - ensina que uma pessoa é definida e classificada segundo seu estado interior de alma. Isso implica que as expressões "prospera" e "sofre" também descrevem o nível espiritual de uma pessoa. Ora, o princípio fundamental enfatizado no Tanya é que todo judeu possui duas almas: uma "alma Divina" e também uma "alma animalesca", que deve ser limpa e purificada e elevada à santidade. O perfeito Tzadiq cujo amor a D'us é absoluto (pois ele atingiu o nível de Ahava BeTa'anugim - "deleite amoroso") conseguiu transformar todas as forças de sua alma animalesca em bem e santidade. É por este motivo que ele é chamado Tzadiq V'Tov Lo, literalmente, um Tzadiq no qual existe [apenas] o bem, significando que nenhum traço do mal está presente nele. Em contraste, um Tzadiq incompleto, cujo amor a D'us não é absoluto, é chamado Tzadiq V'Ra Lo, em quem existe um vestígio do mal, derivando de sua alma animalesca. Ele ainda não completou sua missão, de limpar e purificar a alma animalesca e elevá-la totalmente à santidade. Sim, "o mal que existe nele está subjugado pelo bem", e não tem efeito sobre ele como tem sobre o perverso ou sobre a pessoa intermediária; mesmo assim, de fato, o mal ainda não desapareceu completamente deste Tzadiq.




As inclinações como juízes


     A fim de dar uma idéia mais ampla dos vários níveis de integridade, Rabi Shneur Zalman cita a declaração de Nossos Sábios a respeito do homem e suas inclinações: "Os justos são julgados por seu Yetzer Tov, sua boa inclinação; os perversos são julgados por seu Yetzer HaRá, sua má inclinação; e os intermediários são julgados por ambos." A razão pela qual o autor cita esta declaração é clara: o funcionamento das inclinações do homem serve como um fator importante no estabelecimento da natureza de uma pessoa. Vale à pena enfatizar que estas inclinações não coagem e dominam o homem. São como um magistrado ou juiz, que apenas expressa uma opinião e oferece conselhos, sabendo que seus colegas podem contestar sua opinião. O veredicto final será de acordo com as palavras do árbitro. Ao caracterizar as inclinações como juízes, os Sábios do Talmud fornecem um maravilhoso critério para avaliar o status espiritual do homem.

 

"Os justos são julgados pela sua boa inclinação": O Tzadiq trabalhou em si mesmo com tanto sucesso que a má inclinação não aparece nem mesmo como conselheira.



"Os perversos são julgados pela sua má inclinação": Além das transgressões que o perverso cometeu, também é aconselhado somente pela sua má inclinação.



"Os intermediários são julgados por ambos": O único a mandar no Benoni é a boa inclinação, de modo que, no que tange às suas ações, o intermediário não comete pecados. Embora a má inclinação expresse sua opinião, mesmo assim o Benoni a deixa de lado e não permite que ela o domine, nem sequer por um único momento.



... continua ...