sexta-feira, 29 de julho de 2011

As 54 Parashiot

As 54 Parashiot


     Um amigo meu do ORKUT o Sr. “Shalom”, me pediu alguma matéria referente às Parashiot. Dei uma pesquisada rápida (de última hora), e para atender ao pedido dele – e acredito que será de bom proveito para todos os leitores do BLOG – eis aqui a matéria: As 54 Parashiot.
      Desde muitos séculos existe o costume em todas as comunidades judaicas do mundo em ler toda a Torá em um ciclo de uma ano, finalizando na festa de Simchat Torá e recomeçando novamente sua leitura. Para este fim, os Sábios tem subdividido toda a Torá, em diferentes Sidurot ou Parashiot (seções). 

       
Similarmente ao critério utilizado para designar um nome a cada um dos cinco livros da Torá, para identificar a cada Parashá se tem escolhido um nome que tem sua origem em alguma ou algumas das palavras distintivas e não muito usuais que aparecem no começo da Parashá. Por exemplo: a primeira Parashá se chama Bereshit porque essa Parashá começa com as palavras: "Bereshit Bará Elohim", a segunda Parashá se chama Nóach porque essa Parashá começa dizendo: "Ele Toledot Nóach".

 
 
  
     Toda a Torá está subdividida em 54 Parashiot e esta é a ordem:

a) Livro de Bereshit - Gênesis: 12 Parashiot
1)Bereshit, 2)Nóach, 3)Lech Lechá, 4)Vaierá, 5)Chaié Sará, 6)Toledot, 7)Vaietzé, 8)Vaishlach, 9)Vaiéshev, 10)Miketz, 11)Vaigash, 12) Vaichí.

b)Libro de Shemot - Êxodo: 11 Parashiot
13)Shemot, 14)Vaerá, 15)Bo, 16)Beshalach, 17)Itró, 18)Mishpatim,
19)Terumá, 20)Tetzavé, 21)Ki Tizá, 22)Vaiakhel, 23)Pekudé.

c)Livro de Vaikrá - Levítico: 10 Parashiot
24)Vaikrá, 25)Tzav, 26)Sheminí, 27)Tazría, 28)Metzorá, 29)Acharé
Mot, 30)Kedoshim, 31)Emor, 32)Behar, 33)Bechukotai.

d)Livro de Bamidbar - Números: 10 Parashiot
34)Bamidbar, 35)Nassó, 36)Beaalotechá, 37)Shelach Lechá, 38)Kórach,
39)Chukat, 40)Balak, 41)Pinechás, 42)Matot, 43)Massé.

e)Livro de Devarim - Deuteronômio: 11 Parashiot
44)Devarim, 45)Vaetchanán, 46)Ékev, 47)Reé, 48)Shofetim, 49)Ki
Tetzé, 50)Ki Tavó, 51)Nitzavim, 52)Vaiélech, 53)Haazinu, 54)Vezot
Haberachá.



     Em cada um dos sábados do ano se deve ler na Torá uma Parashá de acordo à ordem dos cinco livros de Moshé. Porém, se uma festa cai em Shabat, não se lê uma Parashá senão uma leitura especial que não tem relação com a Parashá semanal com um tema relacionado com a festa, e se posterga a leitura da Parashá semanal até o Shabat seguinte.
     Às vezes, em alguns Shabatot se devem ler duas Parashiot juntas. Isto se deve ao fato de que o número de Parashiot é maior do que o número de
sábados que tem o ano, e ademais, á vezes que as festas caem em Shabat e nesses Shabatot, como explicamos anteriormente, não se lê a Parashá semanal. Nestes casos, geralmente, como primeira Aliá (subida para leitura) se lê a primeira e a segunda Aliá da primeira Parashá, a segunda Aliá será a terceira e quarta Aliá da primeira Parashá, na quarta aliá se lerá a sétima Aliá da primeira Parashá e a primeira Aliá da segunda Parashá, e assim por diante.
 Fonte:
Ricardo de Albuquerque Crasto

RABINO GOURARIE EM ÁUDIO E VÍDEO 
   
  Agora que conhecemos melhor as seções de leitura da Torá, as suas Parashiot e suas Sidurot (ordens), eu gostaria de compartilhar com você os frutos do trabalho do rabino Gourarie, que tem sido uma luz para todos aqueles que estudam a Torá on-line. Em seu BLOG: RABINO GOURARIE EM ÁUDIO E VÍDEO, vocês vão encontrar uma série de Drashot em áudio e vídeos do rabino em palestras, é simplesmente um espetáculo, é muito bom e esclarecedor. Dá uma passadinha lá!


     E para completar nosso “cardápio parashiótico” (kkk), visitem também o Blog: Sinagoga Shear Yaakov, lá você poderão visualizar as ordens das Parashiot em Hebraico e Português, além de ter os livros, capítulos e versículos correspondentes às Parashiot.



Boa leitura e pesquisa!
Shalom UL’Hitraot!!!

terça-feira, 26 de julho de 2011

Quem inventou o Batismo?


Quem inventou o Batismo?


     O Batismo, ritual de importância ímpar para o Judaísmo e para o Cristianismo, além de se observar outras versões de Batismos em outras religiões, mas acredito que todas essas versões se basearam nas Escrituras Sagradas para se fundamentarem.


     Apesar de o Batismo ser comumente entendido como um rito de passagem – do profano ao santo – este rito no decorrer do tempo sofreu uma série de modificações, hoje podemos observá-lo sendo realizado de várias maneiras, tais como; molhar a cabeça do candidato à purificação, ou imergi-lo “deitado na água”, ou imergi-lo de cócoras, enfim, todos os que assim praticam entendem que estão seguindo o modelo das Escrituras Sagradas. Mas quem inventou o Batismo? Qual a passagem Bíblica que deixa clara a sua instituição como rito bíblico, como um Mandamento de Deus? Afinal de contas, se descobrirmos quem “inventou” o Batismo poderemos também, através de uma análise mais acurada do personagem, determinar qual a fórmula correta do Batismo, e aí sim, teremos de fato a receita Sagrada do Rito e, portanto, a certeza de que ele sempre será eficaz em seu propósito.

 
     O conceito popular da “invenção” do Batismo é creditado a João Batista. Dalí pra frente, todos os cristãos “seguiriam” o seu modelo, mas nessa afirmação encontraremos lacunas a serem preenchidas que resultam em confusão quando o rito é realizado na prática, entregando assim, a carência das informações prestadas nos relatos dos batismos realizados por João Batista. Portanto, se existe uma carência de informações nos relatos que popularmente são aceitos como relatando “a origem do Batismo”, não foi porque as Escrituras Sagradas não desejou esclarecer de fato a questão, mas porque o conceito surgiu antes destes relatos, antes de João Batista. Mas onde?   
  

     Se analisarmos o personagem das Escrituras Sagradas João Batista, não teremos dificuldade de constatar que ele era judeu, e como tal tinha por obrigação de seguir a Lei judaica para proceder com ritos de purificação – o que era o caso – então, devemos deduzir que a resposta desta questão se encontra na Torá, na Lei de Deus. Mas onde?


“E qualquer que tocar na sua cama, lavará as suas vestes, e se banhará com água, e será imundo até à tarde.”
(Levítico 15:21)
“E qualquer que tocar a sua cama, lavará as suas roupas, e se banhará em água, e será imundo até à tarde.”
 (Levítico 15:5)
 “E qualquer que a tocar será imundo; portanto lavará as suas vestes, e se banhará com água, e será imundo até à tarde.”
 (Levítico 15:27) 
  “O homem que o tocar será imundo até à tarde, e não comerá das coisas santas, mas banhará a sua carne em água.”
 (Levítico 22:6)
“Então o sacerdote lavará as suas vestes, e banhará a sua carne na água, e depois entrará no arraial; e o sacerdote será imundo até à tarde.”
(Números 19:7)
“Também o que a queimou lavará as suas vestes com água, e em água banhará a sua carne, e imundo será até à tarde.”
 (Números 19:8)

     Na Torá, a Lei de Deus, lá foi instituído o Batismo como Mandamento Divino, porém, se desejamos creditar a alguém dentre os homens, Moisés foi esse homem.
     Bom, aqui está o conceito, porém, aqui não era o usado o vocábulo Batismo para designar o rito, mas por quê? Porque o nome Batismo é de origem grega, e o conceito nasce das Escrituras sagradas Hebraicas, a este rito os rabinos usariam mais tarde no tempo do cativeiro na Babilônia usariam o termo Tevilá – que quer dizer Imersão – para designar o rito, tal título passou e ser de fato o nome do rito, não porque passaram a imergir só depois do nomear por assim dizer o rito, o título apenas se tornou necessário para diferenciar a Tevilá de um banho comum, ou seja, antes se dizia que alguém se banharia para higiene própria ou para satisfazer um preceito um Preceito Divino, nomear o rito de Tevilá de fato tornou a designação mais simples.


     Então, o que João Batista fez? Seguiu o modelo rabínico cujo conceito foi instituído na Torá, ditado por Deus e escrito por Moisés, portanto, João batista não inventou nada, apenas seguiu o que já estava prescrito, doutra forma ele estaria errado em seu comportamento religioso. Sendo assim, então o nome dele não era de fato João Batista, ele ficou conhecido assim aqui no Ocidente por que as versões das Escrituras sagradas que nos chegaram primeiro foram as traduções para outras línguas da Bíblia Grega. Daí, com a equivalência dos vocábulos necessárias em qualquer tradução, levou a “helenização” dos conceitos e nomes das Escrituras Sagradas resultando na natural mudança dos termos e nomes, portanto, João Batista na verdade se chamava Yohanan-HaMatebil.


     Então, já descobrimos onde nasce o conceito do Batismo, quem o teria “inventado” e que Batismo na verdade consiste de um banho cujo nome desse banho é Tevilá, o que confere para ele um caráter de rito religioso. Assim, já poderemos descartar o Batismo católico, que consiste em derramar um pouco de água sobre a cabeça do converso, mas e as demais formas, quem acertou e quem errou?


     No Judaísmo, tudo tem um porque e tudo deve estar conectado à natureza e por sua vez a Deus. Quando a Tevilá foi instituída, seu objetivo era “livrar-se do pecado da impureza”, daí o banho, porém, como essa impureza não era apenas física, mas antes de tudo espiritual, o local a ser realizado esse rito sempre foi muito importante, doutra forma, o rito se torna inválido. Todas as cerimônias que envolvem banhos rituais, tais cerimônias são realizadas nos lugares onde se encontram as Água Viva.


    Mas o que vem a ser Água Viva?
   O termo se torna popular quando da conversa do Rabi Yeshua e a mulher samaritana, quando ele diz:

“Yeshua respondeu, e disse-lhe: Se tu conheceras o Dom de Deus, e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e Ele te daria Água Viva.
Disse-lhe a mulher: Senhor, tu não tens com que a tirar, e o poço é fundo; onde, pois, tens a Água Viva?
(João 4:10-11)

     No Judaísmo, Água Viva é uma fonte natural de água, onde ela corre livremente sem que haja reserva da mesma, se enquadra neste contexto as fontes naturais, os rios, riachos e corredeiras e o próprio Mar, todos estes são considerados Águas Vivas, somente em locais como estes é que o rito da Tevilá terá efetivamente validade, somente assim é que o rito atingirá o seu propósito. Portanto, torna-se inválido qualquer forma de Batismo que se realize numa piscina, banheira, poço ou qualquer outro reservatório cujo fluxo de água não seja corrente e livre, doutra forma, o rito não passará de um banho comum, daí, não surtirá o efeito esperado; a regeneração, a purificação, a mudança de natureza do estado profano para o santo.


     Em suma; o Batismo é a denominação grega latinizada do rito da Tevilá, que consiste em imergir o corpo em água corrente a fim de se purificar.
      Mas essa imersão é realizada de cócoras ou “deitando” na água? O que se deve dizer para efetivar o caráter religioso do rito? Em nome de quem deve ser realizada a Tevilá? Qual a idade adequada para o rito?

     Bom, as respostas a estas questões serão tema de outra postagem.

Shalom UL’Hitraot!!!

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Os Desiguais Anussim


Os Desiguais Anussim
       A característica única da comunidade israelita é essa gama das diferenças enquanto um único povo, com diversidade de pensamentos e nessa unidade; uma família, cujas diferenças caracterizam essa igualdade. As diferenças que caracterizam essa igualdade certamente estão sedimentadas na criação do homem, em que o Eterno nos criou igualmente diferenciados como cidadãos do mundo; diferentes e iguais como israelense nem sempre é israelita e israelita por sua vez é sinônimo de judeu; que judeus há que são israelenses, brasileiros, americanos, etc. Se essa não fosse uma característica da nação hebraica, não haveria Sefaradim que, embora diferentes de Ashkenazim e Falashim, contudo são irmãos. Mas e os Bnei-Anusim?! Mais uma diferença, ou mais um aspecto dessa igualdade dos igualmente desiguais? Sim a mesma diferença que nos faz iguais nessa saga de sermos igualmente diferentes e ao mesmo tempo igualmente compreendidos e incompreendidos diante do resto do mundo.


     Nesse mundo em que inspiramos as mais diferentes emoções, desde o ódio até a morte, e de um amor a extremos, pois dentre eles há os que chegam a ponto de simular em si o modus vivendi judaico! O mundo que tem vários senhores e nenhum deles é o senhor de Israel, porque nossa mente busca uma razão, um número, uma resposta; nossa alma pergunta sempre nessa aparente contradição de duvidar para acreditar, dessa irreverência que produz essa inigualável reverencia. Reverentes ao D’us de Abraham; o Eterno; Único em Sua Unicidade.


     Ao mesmo tempo em que questionamos e perguntamos; porque afinal tanto sofrimento se por mais que se esforçaram para destruir-nos e a nossa fé; tanto mais ela se tornou maior e mais viva, e ao invés de se extinguir tornou-se mais vigorosa, sim porque questionamos do próprio Criador o porque desse sofrimento, como exigindo uma explicação e ao mesmo tempo decididos a perseverar na nossa fé ainda que custe outra vez nossa vida, mesmo que não haja explicações algumas! Por que guardamos uma fé viva e milenar, num D’us Único e Eterno que ninguém viu? Aliás, como ensina a Torah ser proibido fazer uma imagem de D’us? Como também Ishaiahu tenha escrito: Mi Haamin Lishmuateinu? - quem deu crédito ao que nós ouvimos?

 
     Porque desafiamos nessa saga monoteísta, nesse amor incontrolável pelo nosso D’us, a todos os outros deuses? Embora demonstrando serem mais fortes no poder secular, detentores do direito, um sem número de vezes verificado na história da humanidade, sobre o destino da vida e da paz de Israel, impondo a idolatria sob a pena de morte, apesar dos pesares, contudo somos igualmente contrários a todo o resto do mundo! As perseguições, as chamas, a tortura, sufocados nas câmaras de gás! Mas por essa diferença que nos faz iguais ainda somos o povo de D’us, e digo até mais do que antes; somos como o metal purificado no cadinho super aquecido na fornalha do ódio das nações. E o grande paradoxo nisso tudo é que a felicidade do mundo, desse mundo intolerante e opositor, bem como a vinda de Mashiach que todos esperam, depende unicamente de nós, dessa nossa saga monoteísta, da integridade do israelita como um todo; uma família construída e instruída por D’us no isolamento do deserto, rezando uníssono sobre a face da Terra ao lado de todas as outras famílias dessa mesma Terra.


     Mas algo que é fascinante é que um dia todos os povos da Terra serão judeus, vivendo como judeus, adorando a D’us como judeus, rezando com judeus! Evidências sobre isso estão em que os ascendentes dos opositores à doutrina do Eterno, Único em Sua unicidade, e a Sua Torah, hoje querem a todo custo ser judeus, abraçam fisicamente a Torah, vestem-se como judeus, dizem que são judeus, emocionam-se ao imaginarem-se judeus. Esse é o destino de todos, a única opção. Exagero? Mas por que dizemos isso? Porque nessa diferença que caracteriza nossa igualdade, somos refratários a aceitar aqueles que não parecem serem judeus? E nem é pela perseguição, porque D’us já mostrou estar conosco. Mas então por que tudo isso, se sabemos que todos os homens um dia deverão rezar como judeus? Será que é por ciúmes do nosso D’us, como a criança que resiste a outra criança que se aproxima do seu pai? D’us é nosso e de mais ninguém, é nossa posse, é a nossa porção, a nossa herança; seria esse o sentimento inconsciente que existe em cada israelita? D´us escolheu Israel, mas em contra partida Israel também escolheu a D´us; é um caso de Amor Eterno! Como negar essa postura senão admitir que seja de forma explícita ou sublimada é isso que nos move nessa saga de permanecermos monoteístas, nessa força sobrenatural que diluiu o medo da morte nas chamas ou outro meio qualquer em vários momentos da história, no vigor desse espírito; um evidente Propósito Divino.


      Torna-se oportuno citar que há mais ou menos duzentos anos a comunidade judaica era tão igualmente diferente quanto hoje. Na época Sefaradim não aceitavam que Ashkenazim rezassem com eles e nem entrassem nas sinagogas! Se aceitos em algum serviço, o eram por simples tolerância. Pasmem, mas eram tidos como indesejáveis e abomináveis. Isso estava correto? Não! De fato isso era uma aberração! E a pergunta seria: Por quê hoje os Ashkenazim são, não somente aceitos, mas também com todos os méritos, respeitados? Representam fração significativa na comunidade erudita do judaísmo. Mas como teria mudado essa situação? É simples, por meio de uma fórmula natural: A história de um romance que envolveu um paradoxo Halákhico, nascido no coração de um riquíssimo banqueiro judeu português, membro da Congregação de Londres, em meados de 1820, Sir Moshê Montefiori que fechou a questão sobre o assunto ao apaixonar-se por uma mulher Ashkenazi e tomá-la como esposa, em cumprimento de Gênesis 2, 24. Como Sir Moshê patrocinava financeiramente a comunidade local, dizem as más línguas que os caprichos da Sinagoga foram superados pelo poder do dinheiro! De fato fico com a primeira versão, pois os atributos encantadores, únicos das mulheres é que viraram ou, dependendo do ponto de vista, endireitaram a cabeça desse abastado israelita. O amor venceu essa barreira da Halakhá ou da pureza do orgulhoso sangue Sefaradi.


      Interessante notar que cristãos consideravam e condenavam, até pouco tempo, o sangue judeu como sangue impuro; a culpa do sangue, sendo um dos bastiões que sustentavam o Santo Ofício com sua abominável Inquisição, no jargão “basta culpa do sangue”; o fato de alguém ter em suas veias, o sangue hebreu. Mas os Ashkenazim queriam a todo custo sua aceitação como judeus, que conseguiram e creio que foi pela mão de D’us que mostrou a Sir Moshê a conveniência de obedecer aquele preceito da Sua Torah! Reunindo Sefaradim e Ashkenazim numa família! Interessante notar que antes de Sir Moshê, outros personagens chegaram a perder prerrogativas nas sinagogas Sefaradim de Londres pelo mesmo comportamento; homens Sefaradim casando-se com mulheres Askenazitas. Lindas mulheres? Certamente. É oportuno citar também o caso de Yiaacov Bernal, que foi em meados daquela data, rebaixado das suas prerrogativas na mesma comunidade, pelo mesmo motivo! Contudo esse matrimônio, por assim dizer desigual, acabou no casamento de uma das suas descendentes com o Duque de St Albans que gerou filhos que procediam dos Stuarts! Uma desigualdade que igualou o sangue judeu, ao sangue dos reis, ou de fato igualou o sangue dos reis ao sangue judeu? Desigualdade que produz a igualdade! De novo se verifica a regra? E não está escrito que o Eterno disse a Abraão: Gênesis 18, 6; “Reis sairão de ti”? O mundo deverá estar atento, pois essa desigualdade é que trouxe a riqueza das Kituvei Hakodesh a todos; para Judeus e não Judeus! Se Israel não fosse tão desigual, talvez elas não estariam hoje nas mãos de todos os homens da face da Terra! Já pensaram nisso?


      Hoje nos deparamos com os desiguais judeus conhecidos como Bnei-Anusim, sejam messiânicos ou não. Igualmente rejeitados pela sua desigualdade? E na comunidade, paradoxalmente pela maioria Ashkenazi, cuja experiência de desigualdade parece repetir-se hoje nesses outros igualmente desiguais como todos nós que um dia fomos rejeitados pela nossa origem desigual! Uma espécie de compensação? Será que a primeira lição não valeu? Seja qual for a atitude de hoje, ela será a mera repetição das atitudes do passado; seja de tolerância ou de preconceito. Mas a nossa igualdade, composta de diferenças nos mostra a solução; essa turba de diferentes é tão igual como o restante de todos nós, porque também são igualmente diferentes como todos nós. Não tenciono doutrinar ninguém, mas lanço aqui um desafio a todos que queiram realmente propiciar aos Bnei-Anusim uma casa judaica, porque se isso não for feito e logo, os oportunistas os absorverão, aliás, como já vem acontecendo nas organizações não judaicas. Judeus para a Torah e não para o Cristianismo, antes judeus para o D’us Eterno; Único em Sua Unicidade. Embora confusos no seu cristianismo os messiânicos são diferentes de todos os outros e nesse aspecto iguais aos demais diferentes, não conseguem fugir aos clamores das suas almas porque o apreço ao ser judeu, retornando à Torah, é fruto do coração, por isso o coração deles clama pelas suas origens e ninguém tem o direito de negar-lhes isso! Provavelmente se esteja fazendo com os Bnei-Anusim o mesmo que o pai ausente faz com seus filhos e depois os choram por estarem sob a tutela de traficantes de drogas. Pense nisso Askenazi, pense nisso Sefaradi de sangue puro (embora não tão puro sob outras óticas), pense nisso Falashim, pense nisso você que é ou que se considera judeu! Enquanto os filhos de Israel (Sefaradim, Ashkenazim, Falashim, Benei- Anusim e outros) não estiverem como um todo, onde toda nação; na Galut ou em Eretz, diante do seu D’us, em plena e única adoração, a era messiânica não virá e o sofrimento do ser humano, nesse planeta, será cada vez maior e pior, bem como o pecado da idolatria e da profanação do Santo Nome de D’us! D’us tem sido desprezado pelos homens, principalmente pelos que colocam diante Dele um deus diante de D’us, em franco desafio ao primeiro preceito das Dez Sentenças como vemos em Êxodo 20, 1 a 6, furtando assim a adoração e o louvor que pertencem somente ao Criador e Senhor de Tudo de Todos.


Fonte:
  Paulo - judaísmo on-line - Terça-feira, 25 de Outubro de 2005 (4:26:43) por Imigrante de Israel

terça-feira, 12 de julho de 2011

Qual é a diferença entre Drashá e Parábola?


Qual é a diferença entre Drashá e Parábola?



Parábola    
Começarei por divagar pelo conceito da Parábola, por ser mais popular do que o conceito do Drashá.
     Parábola é uma palavra grega latinizada cuja tradução primeira é; “comparação” – todas as vezes que os gregos procuravam ensinar ao povo matérias relativas à Natureza, às divindades e à Filosofia em si, geralmente recorriam às parábolas e por meio da comparação e ou equivalências os instrutores ensinavam com relativa facilidade o conteúdo pretendido até mesmo para as mentes mais simples. A Parábola se torna ferramenta de domínio universal com relação à transmissão do conhecimento do Reino de Deus, não porque Jesus usou de parábolas (como veremos a seguir), mas pelo fato do Novo Testamento ter chegado aqui no Ocidente através da escrita e cultura Grega, portanto, se torna óbvio o porquê do uso do termo parábola para a tradução do (ou equivalência) do termo Drashá, que consiste na técnica usada pelos rabinos para pregar os seus sermões de forma a serem compreendidos por todos os seus ouvintes independentes do grau de instrução. Nesse aspecto, a Parábola e a Darash ou Drashá tem o mesmo papel, o que naturalmente levou o tradutor a entender que um e outro vocábulo eram equivalentes e portanto, serviram ao propósito da tradução. No entanto, a Parábola difere da Drashá pelo fato de que a função da Parábola é humanizar o conceito divino dos deuses gregos a fim de que as pessoas simples pudessem acatar as máximas proferidas pelos pensadores gregos como lei sem questionar, para isso, teriam que usar de uma autoridade sobre-humana (nesse caso os deuses) para que efetivamente viessem a ter de fato a reverência do povo – vale a pena notar aqui que este tipo de “ferramenta” ainda hoje é usada pelas igrejas, isso pode ser facilmente notado quando o líder religioso profere um sermão carregado de seu próprio ponto de vista sobre o tema analisado e para que os “fiéis” venham a acatar o que ele diz sem questionarem, o líder assevera que tal conceito foi proferido por Deus, ele é apenas mais um instrumento nas mãos de Deus.

     Então podemos concluir que; Parábola é uma ferramenta lingüística usada para humanizar o cotidiano dos deuses a fim de dar autoridade sobre-humana à máximas proferida pelos pensadores gregos ( a princípio foi assim). Como exemplo podemos citar a estória de Narciso que busca aclarar o conceito destrutivo do excesso de amor por si mesmo, a história de Gáia e Chronos mãe e filho que dão origem ao mundo e toda a sua estrutura, dentre tantas outras estórias cuja função era aproximar uma “realidade superior” à realidade do homem simples.
     

Drashá
     Drashá por sua vez, apesar de também ser uma forma “alegórica” de transmitir conhecimento, o seu papel se torna inverso ao da Parábola quando a principal função da Drashá é divinizar o conceito de humanidade, elevando-os acima das outras criaturas e portanto, aproximando o homem de Deus. Enquanto que a Parábola busca autoridade nos deuses para impor seu conceito de certo e errado para as pessoas simples, a Drashá por sua vez busca mostrar ao homem simples a Centelha Divina inerente em seu comportamento cotidiano, ou seja; enquanto um submete o outro liberta.

     A palavra Darash deriva da palavra hebraica Midrash, assim como a palavra Drashá. Na literatura rabínica pode se observar com facilidade os sábios recorrendo a Drashá a fim de ensinar mais eficazmente aos seus discípulos, durante séculos se produziu no mundo judaico milhares de Drashot (plural de Drashá ou Darash) cujo uma boa parte dessa tão importante produção literária quando foram reunidas deram origem ao Midrash – o livro que contém a coletânea destes ditos rabínicos cujo significado profundo é exposto de forma simples e compreensível até mesmo por uma criança.
      A Drashá foi utilizada antes dos rabinos pelos próprios profetas, e mais tarde pelos rabinos e estudiosos da Torá de todas as épocas. Como exemplo o relato em 2 Samuel 12:1-6, quando o Eterno, Bendito seja o Seu Nome, envia o Profeta Natã para repreender a Davi por causa de sua conduta:

“E o SENHOR enviou Natã a Davi; e, apresentando-se ele a Davi, disse-lhe: Havia numa cidade dois homens, um rico e outro pobre.
O rico possuía muitíssimas ovelhas e vacas.
Mas o pobre não tinha coisa nenhuma, senão uma pequena cordeira que comprara e criara; e ela tinha crescido com ele e com seus filhos; do seu bocado comia, e do seu copo bebia, e dormia em seu regaço, e a tinha como filha.
E, vindo um viajante ao homem rico, deixou este de tomar das suas ovelhas e das suas vacas para assar para o viajante que viera a ele; e tomou a cordeira do homem pobre, e a preparou para o homem que viera a ele.
Então o furor de Davi se acendeu em grande maneira contra aquele homem, e disse a Natã: Vive o SENHOR, que digno de morte é o homem que fez isso.
E pela cordeira tornará a dar o quadruplicado, porque fez tal coisa, e porque não se compadeceu ...”

     Ou quando ensinou Kohélet (Salomão) sobre o Temer a Deus em Eclesiastes 12:1-7 :

“Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento;
Antes que se escureçam o sol, e a luz, e a lua, e as estrelas, e tornem a vir as nuvens depois da chuva;
No dia em que tremerem os guardas da casa, e se encurvarem os homens fortes, e cessarem os moedores, por já serem poucos, e se escurecerem os que olham pelas janelas;
E as portas da rua se fecharem por causa do baixo ruído da moedura, e se levantar à voz das aves, e todas as filhas da música se abaterem.
Como também quando temerem o que é alto, e houver espantos no caminho, e florescer a amendoeira, e o gafanhoto for um peso, e perecer o apetite; porque o homem se vai à sua casa eterna, e os pranteadores andarão rodeando pela praça;
Antes que se rompa o cordão de prata, e se quebre o copo de ouro, e se despedace o cântaro junto à fonte, e se quebre a roda junto ao poço,
E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu.”


      Nisso também difere a Drashá da Parábola; a Parábola usa de artifícios imaginários para ilustrar as suas máximas e a Drashá faz uso da conduta diária do camponês ou homem simples para ensinar-lhe sobre ele mesmo.
     Isso se mostra verdadeiro quando lemos a Odisséia, a Fundação de Roma (no conto de Rômulo e Remo), as muitas estórias de Zeus e sua influência junto aos homens, o Mundo Inferior governado por Hades e guardado por Cérbero o cão de trás cabeças. Estas são alegorias primitivas que dominaram o imaginário dos gregos antigos cujos conceitos de Céu e Inferno, Salvação e Perdição tiveram o seu “colorido” surgindo dessas estórias.
      Ao passo que na Drashá, o contrário também se mostra verdadeiro quando lemos sobre os sermões do Rabi Yeshua MiNetzeret (Rabino Jesus de Nazaré), quando lemos os contos dos Sábios no Talmud, no Zohar e outros contos de domínio popular, poderemos ver com facilidade que a alegoria ali oferecida é baseada em coisas do dia-a-dia, a lição consiste em apenas “ler” de forma mais profunda o que já se faz rotineiramente, sem exageros, sem sobre naturalidade, o contexto da Drashá se dá dentro do ambiente histórico de fato.


     Bom, para terminar, exporei aqui algumas Drashot que gosto muito e suas respectivas fontes. Espero que a matéria venha se revelar atraente e instrutiva, afinal de contas, é este o papel da Drashá ou Drashá.

“O rabino Elimelekh havia feito uma bela Drashá, e agora estava voltando para sua terra natal. Para homenageá-lo e mostrar gratidão, os fiéis resolveram seguir a carruagem de Elimelekh até que ela saísse da cidade.
Em dado momento, o rabino parou a carruagem, pediu que o cocheiro seguisse adiante sem ele, e passou a acompanhar o povo.
- Belo exemplo de humildade – disse um dos homens ao seu lado.
- Não existe qualquer humildade no meu gesto, mas um pouco de inteligência – respondeu Elimielekh. – vocês aqui fora estão fazendo exercício,cantando, bebendo vinho, confraternizando uns com os outros, arranjando novos amigos, tudo por causa de um velho rabino que veio falar sobre a Arte da Vida. Então, deixemos minhas teorias seguirem naquela carruagem, porque eu quero participar da ação.”


Rabi Yeshua MiNetzeret disse:
“E depois disto designou o Senhor ainda outros setenta, e mandou-os adiante da sua face, de dois em dois, a todas as cidades e lugares aonde ele havia de ir.
E dizia-lhes: Grande é, em verdade, a seara, mas os obreiros são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que envie obreiros para a sua seara.
Ide; eis que vos mando como cordeiros ao meio de lobos.”


“O grande rabino Ytzichaq Meir, quando ainda estudava as tradições de seu povo, escutou um de seus amigos dizer, em tom de brincadeira:
- Eu lhe dou uma moeda se você conseguir me dizer onde Deus Mora.
- E eu lhe darei duas moedas, se você me disser onde Deus não Mora. – respondeu Meir.”


“E eis que se levantou um certo Doutor da Lei, tentando-o, e dizendo: Mestre, que farei para herdar a Vida Eterna?
E ele lhe disse: Que está Escrito na Lei? Como lês?
E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.
E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso, e viverás.
Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Rabi Yeshua MiNetzeret: E quem é o meu próximo?
E, respondendo Rabi Yeshua MiNetzeret, disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.
E, ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo.
E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo.
Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão;
E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele;
E, partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu to pagarei quando voltar.
Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?
E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois, Rabi Yeshua MiNetzeret: Vai, e faze da mesma maneira.”


Um rabino reuniu seus alunos, e perguntou:
- Como é que sabemos o exato momento em que a noite acaba e o dia começa?
- Quando, à distância, somos capazes de distinguir uma ovelha de um cachorro – disse um menino.
O rabino não ficou contente com a resposta.
- Na verdade – disse outro aluno – sabemos que já é dia quando podemos distinguir, à distância, uma oliveira de uma figueira.
- Não é uma boa definição.
-Qual é a resposta, então? – perguntaram os garotos.
E o rabino disse:
- Quando um estrangeiro se aproxima, e nós o confundimos com o nosso irmão, este é o momento em que a noite acaba e o dia começa.”


Rabi Yeshua MiNetzeret disse:
“Eis que vos dou poder para pisar serpentes e escorpiões, e toda a força do inimigo, e nada vos fará dano algum.
Mas, não vos alegreis porque se vos sujeitem os espíritos; alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos Céus.
Naquela mesma hora se alegrou Jesus no Espírito Santo, e disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste às criancinhas; assim é, ó Pai, porque assim Te aprouve.”


“Certa vez um homem interrogou o rabino Yehoshua Ben Kareach:
-Por que Deus escolheu um espinhal para falar com Moisés?
O rabino respondeu:
- Se Ele tivesse escolhido uma oliveira ou uma amoreira, você teria feito a mesma pergunta. Mas não posso deixá-lo sem uma resposta: por isso digo que Deus escolheu um mísero e pequeno espinhal para ensinar que não há nenhum lugar na terra que Ele não esteja presente.”


“E havia entre os Perushim um homem, chamado Niqádemon, um dos principais entre os judeus.
Este foi ter de noite com Rabi Yeshua MiNetzeret, e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele.
Rabi Yeshua MiNetzeret respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus.
Disse-lhe Niqádemon: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?
Rabi Yeshua MiNetzeret respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.
O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.
Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo.
O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.”



“Um jovem muito rico foi ter com um rabi, e lhe pediu um conselho para orientar a vida. Este o conduziu até a janela e perguntou-lhe:
- O que vês através dos vidros?
- Vejo homens que vão e vem, e um cego pedindo esmolas na rua.
Então o rabino mostrou-lhe um grande espelho e novamente o interrogou:
- Olha neste espelho e dize-me agora o que vês.
- Vejo-me a mim mesmo.
- E já não vês os outros! Repara que o espelho e a janela são ambos feitos da mesma matéria prima, o vidro; mas no espelho, porque há uma fina camada de prata colada nele, não vês nele mais do que a tua pessoa. Deves comparar-te a estas duas espécies de vidro. Pobre, vias os outros e tinhas compaixão por eles. Coberto de prata – rico – vês apenas a ti mesmo. Sá valeras alguma coisa, quando tiveres coragem de arrancar o revestimento de prata que tapa os teus olhos, para poderes de novo ver e amar aos outros.” 


“Disse Rabi Yeshua MiNetzeret:
Aquele que procura, continue sempre em busca até que tenha encontrado; e quando tiver encontrado, sentir-se-á perturbado; sentindo-se perturbado, ficará maravilhado, e reinará sobre tudo.”


“O mestre levou seu discípulo para perto de um lago.
- Hoje vou te ensinar o que significa a verdadeira devoção – disse.
Pediu ao discípulo que entrasse com ele no lago, e segurando a cabeça do rapaz, colocou-a debaixo d’água.
O primeiro minuto passou. No meio do segundo minuto o rapaz já se debatia com todas as forças para livrar-se das mãos do mestre, e poder voltar a superfície.
No final do segundo minuto o mestre soltou-o. O rapaz, com o coração disparado, levantou-se, ofegante.
- O Sr. Quis matar-me! – gritava.
O mestre esperou que ele se acalmasse e disse:
- Não desejei matá-lo – porque se desejasse, você não estaria mais aqui. Queria apenas saber o que sentiu, enquanto estava debaixo d’água.
- eu me senti morrendo! Tudo que desejava na vida era respirar um pouco de ar!
- É exatamente isso. A verdadeira devoção só aparece quando só temos um desejo, e morreremos se não conseguirmos realizá-lo.”



“Disse Rabi Yeshua MiNetzeret:
Se vossos guias vos afirmarem: eis que o Reino está no Céu, então, as aves estarão mais perto do Céu do que vós; se vos disserem: eis que está no mar, então, os peixes já O conhecem...
Pelo contrário, o Reino está dentro de vós e, também, fora de vós.
Quando vos conhecerdes a vós mesmos, então sereis conhecidos e sabereis que sois filhos do Pai, o Vivente; mas se não vos conhecerdes, então estareis na ilusão, e sereis ilusão.”


“Após uma exaustiva sessão matinal de orações, o discípulo perguntou ao seu mestre:
- Todas estas orações que o senhor nos ensina, fazem com que Deus se aproxime de nós?
- Todas essas orações que você faz – perguntou o mestre – irão fazer o sol nascer amanhã?
- Claro que não! O sol nasce porque obedece a uma Lei Universal!
- Então, essa é a resposta à sua pergunta. Deus está perto de nós independente das preces que fazemos.
O discípulo revoltou-se.
- O senhor quer dizer que nossas orações são inúteis?
- Absolutamente. Se você não cedo, nunca conseguirá ver o sol nascendo. Se você não reza, embora Deus esteja sempre perto, você nunca conseguirá notar a sua presença.”


“Disse Rabi Yeshua MiNetzeret:
Reconhece aquilo que está à tua frente e o que te é oculto, te será revelado.
Com efeito, não há nada em oculto que não venha a ser manifesto.”


“Certo dia, o rabino Baal Shem Tov, estava no topo de uma colina com seus discípulos, quando viram um grupo de cossacos atacarem a cidade e começarem a massacrar as pessoas.
Vendo muitos de seus amigos, lá embaixo, morrendo e pedindo misericórdia, o rabino exclamou:
- Ah, se eu pudesse ser Deus
Um discípulo chocado virou-se para ele:
- Mestre, como ousa proferir uma blasfêmia destas? Quer dizer que, se o senhor fosse Deus, ia agir de maneira diferente? Quer dizer que o senhor acha que Deus muitas vezes faz o que é errado?
O rabino olhou nos do discípulo,  e disse:
- deus sempre está certo. Mas se eu pudesse ser Deus, eu saberia o que está acontecendo.”


“Disse Rabi Yeshua MiNetzeret:
Vim pôr fogo ao mundo e eis que hei de preservá-lo até que arda.”

“Um fiel aproximou-se do rabino Moshé de Kobryn:
- De que maneira devo usar dias, para que Deus fique contente com meus atos?
- Só existe uma alternativa: procure viver com amor – disse o rabino.
Minutos depois, outro discípulo faz a mesma pergunta.
- Só existe uma alternativa: procura viver com alegria.
O primeiro discípulo ficou surpreso:
- Mas o conselho que o senhor me deu foi diferente!
- Ao contrário – disse Moshé de Kobryn – foi exatamente igual.”



“Disse Rabi Yeshua MiNetzeret:
Eu vos darei o que nenhum olho viu, o que nenhum ouvido ouviu, o que a mão nunca tocou e o que jamais penetrou no coração do homem.”


“Dois rabinos tentam, de todas as maneiras levar o conforto espiritual aos judeus na Alemanha nazista. Durante dois anos, embora mortos de medo, enganam a Gestapo – a temível polícia de Adolf Hitler – e realizam ofícios religiosos em várias comunidades.
Finalmente são descobertos e presos. Um dos rabinos, apavorado com o que acontecer dali por diante, não para de rezar. O outro – ao contrário – passa o dia inteiro dormindo.
- Por que você está agindo assim? – pergunta o rabino assustado.
- Para salvar minhas forças. Sei que vou precisar delas daqui por diante.
- Mas você não está com medo? Não sabe o que pode nos acontecer?
- Eu estava em pânico, até o momento da prisão. Agora que estou nesta cela, de que adianta temer o que já aconteceu? O tempo do medo acabou; agora começa o tempo da Esperança.”



“Os discípulos perguntaram ao Rabi Yeshua MiNetzeret:
- Diz-nos, qual será o nosso fim?
Disse Rabi Yeshua MiNetzeret:
- O que conheceis em relação ao Princípio para que estejais à procura do fim? Com efeito, onde estiver o Princípio aí também estará o Fim. Feliz aquele que conhece o Princípio; conhecerá o Fim e não provará da Morte.”



“No século passado, um judeu americano foi ao Cairo visitar o famoso rabino polonês Chafetz Chaim. O turista ficou surpreso ao ver que o rabino morava num quarto simples, cheio de livros, onde as únicas mobílias eram uma mesa e um banco.
- Rabi, onde estão seus móveis? – pergunta o turista.
- E onde estão os seus? – retorquiu Chafetz.
- Os meus? Mas eu só estou de passagem!
- Eu também – disse o rabino”


“Disse Rabi Yeshua MiNetzeret:
Eu vos escolherei um dentre mil e dois dentre dez mil, e eles erguer-se-ão como se fossem um só, simples.”



“Um Profeta chegou certa vez a uma cidade para convencer seus habitantes. A princípio, as pessoas ficaram entusiasmadas com o que ouviam. Mas – pouco a pouco – a rotina da vida espiritual era tão difícil, que homens e mulheres se afastaram, até que não ficou uma só alma para ouvi-lo.
Um viajante, ao ver o Profeta pregando sozinho, perguntou:
- Por que continuas exaltando as virtudes e condenando os vícios? Não vês que ninguém aqui te escuta?
- No começo, eu esperava transformar as pessoas – disse o Profeta. – Se ainda hoje continuo pregando, é apenas para impedir que as pessoas me transformem.”



“Disse Rabi Yeshua MiNetzeret:
Se não jejuardes em relação ao mundo, não encontrareis o Reino. Se não celebrardes o Shabat como um Shabat, não vereis o Pai.”



“A seguinte oração foi encontrada entre os pertences pessoais de um judeu, morto num campo de concentração:
Senhor: quando vieres na Tua Glória, não Te lembres apenas dos homens de boa vontade; lembra-Te também dos homens de má vontade.
E no Dia do Julgamento, não Te lembres apenas das crueldades, sevícias, e violências que eles praticaram: Lembra-Te dos frutos que produzimos por causa do eles nos fizeram. Lembra-Te da paciência, da coragem, da confraternização, da grandeza de alma e da fidelidade, que nossos carrascos terminaram por despertar em nossas almas.
Permite então, Senhor, que os frutos Poe nós produzidos possam servir para salvar as almas dos homens de má vontade.”



“Disse Rabi Yeshua MiNetzeret:
Eu sempre quis vos falar, porém, vós não quiserdes me ouvir. Agora, vós quereis me ouvir, mas eu já não posso mais vos falar.”



“Certo dia, um gentio caminhava com seu amigo judeu. Subitamente ele pergunta para o judeu:
- Olha, me disseram que os judeus só respondem uma pergunta com outra. Isso é verdade?
- Quem te disse essa besteira? – perguntou o judeu.


Fontes:
As Escrituras Sagradas – Tradução de João Ferreira de Almeida.
O Evangélho de Tomé – traduzido e comentado por; Jean-Yves Leloup.
Hitórias de pais para filhos – Paulo coelho.