sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Sefer Tanya 6°


Sefer Tanya 6°


Após ter lido a quinta parte: http://judeusdecaruaru.blogspot.com/2011/10/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x_09.html
Daremos continuidade na apresentação do Sefer Tanya através do título:

Definição e Classificação


     Antes que possamos entender as lições práticas que derivam das declarações de Nossos Sábios sobre o justo e o perverso, devemos primeiro definir exatamente estes conceitos. É com este objetivo que o autor do Tanya dedica a maior parte do primeiro capítulo, onde recebemos um quadro geral dos diversos níveis de integridade dentro dos quais as pessoas podem ser classificadas. A partir desta justaposição de várias declarações de Nossos Sábios sobre o justo e o perverso, Rabi Shneur Zalman demonstra que deve ser feita uma distinção clara entre expressões que retratam o verdadeiro estado de alguma coisa e aquelas expressões que são simplesmente as maneiras de falar normalmente aceitas. Em hebraico, há uma clara diferença semântica entre um termo descritivo que expressa a verdadeira natureza de uma coisa e um termo emprestado que faz uso figurativo do termo emprestado de seu uso real. Neste sentido, a palavra "Tzadiq" é geralmente usada para descrever qualquer pessoa íntegra que cumpre fielmente a Torá. E o termo "Benoni" é usado a respeito de recompensa e punição quando referindo-se a uma pessoa cujos atos e falhas estão igualmente balanceadas. No entanto, o significado correto destes termos, "Tzadiq" e "Benoni", é completamente diferente.




Cinco níveis


     Segundo a Guemara Berachot há cinco tipos distintos de pessoas: o justo que prospera; o justo que sofre; o perverso que prospera; o perverso que sofre; e o intermediário - o Benoni. Vemos ainda na Guemara que a condição material de uma pessoa é um reflexo e uma expressão de seu status espiritual, pois o sucesso do judeu na vida é determinado em grande parte por sua conduta espiritual. Fica claro, portanto, que um justo que prospera e um justo que sofre não possuem a mesma estatura espiritual. O justo que prospera no mundo material é um perfeito Tzadiq, e o justo que sofre no mundo material é um Tzadiq imperfeito. A Ra'aya Mehemna (seções do Zohar atribuídas a Moshê Rabeinu, que é chamado Ra'aya Mehemna - "o fiel pastor" - ensina que uma pessoa é definida e classificada segundo seu estado interior de alma. Isso implica que as expressões "prospera" e "sofre" também descrevem o nível espiritual de uma pessoa. Ora, o princípio fundamental enfatizado no Tanya é que todo judeu possui duas almas: uma "alma Divina" e também uma "alma animalesca", que deve ser limpa e purificada e elevada à santidade. O perfeito Tzadiq cujo amor a D'us é absoluto (pois ele atingiu o nível de Ahava BeTa'anugim - "deleite amoroso") conseguiu transformar todas as forças de sua alma animalesca em bem e santidade. É por este motivo que ele é chamado Tzadiq V'Tov Lo, literalmente, um Tzadiq no qual existe [apenas] o bem, significando que nenhum traço do mal está presente nele. Em contraste, um Tzadiq incompleto, cujo amor a D'us não é absoluto, é chamado Tzadiq V'Ra Lo, em quem existe um vestígio do mal, derivando de sua alma animalesca. Ele ainda não completou sua missão, de limpar e purificar a alma animalesca e elevá-la totalmente à santidade. Sim, "o mal que existe nele está subjugado pelo bem", e não tem efeito sobre ele como tem sobre o perverso ou sobre a pessoa intermediária; mesmo assim, de fato, o mal ainda não desapareceu completamente deste Tzadiq.




As inclinações como juízes


     A fim de dar uma idéia mais ampla dos vários níveis de integridade, Rabi Shneur Zalman cita a declaração de Nossos Sábios a respeito do homem e suas inclinações: "Os justos são julgados por seu Yetzer Tov, sua boa inclinação; os perversos são julgados por seu Yetzer HaRá, sua má inclinação; e os intermediários são julgados por ambos." A razão pela qual o autor cita esta declaração é clara: o funcionamento das inclinações do homem serve como um fator importante no estabelecimento da natureza de uma pessoa. Vale à pena enfatizar que estas inclinações não coagem e dominam o homem. São como um magistrado ou juiz, que apenas expressa uma opinião e oferece conselhos, sabendo que seus colegas podem contestar sua opinião. O veredicto final será de acordo com as palavras do árbitro. Ao caracterizar as inclinações como juízes, os Sábios do Talmud fornecem um maravilhoso critério para avaliar o status espiritual do homem.

 

"Os justos são julgados pela sua boa inclinação": O Tzadiq trabalhou em si mesmo com tanto sucesso que a má inclinação não aparece nem mesmo como conselheira.



"Os perversos são julgados pela sua má inclinação": Além das transgressões que o perverso cometeu, também é aconselhado somente pela sua má inclinação.



"Os intermediários são julgados por ambos": O único a mandar no Benoni é a boa inclinação, de modo que, no que tange às suas ações, o intermediário não comete pecados. Embora a má inclinação expresse sua opinião, mesmo assim o Benoni a deixa de lado e não permite que ela o domine, nem sequer por um único momento.



... continua ...

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