domingo, 9 de outubro de 2011

Sefer Tanya 5° Parte


Sefer Tanya 5° Parte

Após ter lido a quarta parte: http://judeusdecaruaru.blogspot.com/2011/10/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x.html
Daremos continuidade na apresentação do Sefer Tanya através do título:

Como louvar-se corretamente


     Ao descrever o juramento "seja justo, e não seja perverso", que é administrado à alma antes que ela venha a este mundo, nossos Sábios fornecem também conselhos sobre como atingir esta meta. A pessoa deve saber como elogiar-se adequadamente. Jamais deve considerar-se perfeita. "Mesmo que o mundo inteiro lhe diga como você é justo, considere-se perverso." Em geral, toda pessoa deveria estar consciente tanto de suas imperfeições quanto de suas boas qualidades. Embora não seja pecado para alguém que se aperfeiçoou saber que é justo, as conseqüências deste conhecimento podem ser perigosas. Nossos Sábios desaprovam o sentimento que resulta quando alguém escuta o mundo inteiro falar que ele é justo. Não faz diferença se "o mundo inteiro" refere-se a um círculo de amigos, ou se está se referindo ao próprio mundo interior - não tente se convencer que você é justo como resultado de seu sucesso em "afastar-se do mal e fazer o bem". Ao contrário, "considere-se perverso!"


Questões importantes


     Declarações de nossos Sábios que sejam difíceis de entender não deveriam simplesmente ser postas de lado como questionáveis. Deve se fazer uma tentativa para entender qual foi a intenção. Assim, Rabi Shneur Zalman escreve que a declaração "considere-se perverso" deve ser entendida. A dificuldade que o autor tem com esta declaração é que ela aparentemente contradiz outra declaração de nossos Sábios, "Não se considere perverso" (Avot 2:13). Claramente, declarações de nossos Sábios são todas verdadeiras, sendo "palavras do D'us vivo", e não podem contradizer uma à outra. Ao contrário, cada declaração deve aplicar-se a uma situação diferente, e como cada pessoa tem qualidades únicas e problemas individuais, somente uma dessas declarações é relevante para ele. Portanto, é nosso dever combinar o conselho adequado ao problema.
     Ao dar conselhos sua eficácia deve ser avaliada, e deveria também ser verificado que nenhuma conseqüência negativa resultará dele. No caso atual, é necessário avaliar que sentimentos e reações serão aquelas de alguém a quem se disse "considere-se perverso", apesar do fato de que ele não é uma pessoa comum, mas sim uma pessoa moralmente correta, uma pessoa de valor, alguém que é cuidadoso em todos os assuntos pertinentes à Torá e Mitzivot, e que é considerado justo. O observador atento notará que tal pessoa pode ter uma de duas possíveis reações: Ficará "triste e deprimida" ou "não se deixará perturbar, de forma alguma" por este auto-elogio. Rabi Shneur Zalman explica que ambas as reações são indesejáveis. Se uma pessoa leva a sério esta auto-avaliação, e sente que apesar de todos seus esforços ainda é perversa, então "ficará triste e deprimida, e não poderá servir a D'us com júbilo e com o coração contente." Como é bem conhecido, os mestres da Kabalá, e especialmente Rabi Yisrael Báal Shem Tov, fundador do Chassidismo, e seus discípulos, baniram completamente a depressão, pois a consideravam uma emoção profundamente feia. Conta-se que Rabi Aharon de Karlin dizia freqüentemente que embora a depressão em si não seja um pecado, pode jogar a pessoa a tais profundezas mais baixas que qualquer pecado poderia fazê-lo. Além disso, quando uma pessoa está deprimida, não pode cumprir sua obrigação de cumprir Mitzivot e estudar Torá com alegria.
     Evidentemente, a reação oposta pode às vezes ocorrer - uma pessoa que demonstra falta de interesse e apatia nos resultados de seu auto-elogio. Para que a instrução "considere-se como perverso" não o jogue num estado de depressão, ele toma a firme decisão de não ser afetado por esta auto-avaliação. Deve ser notado que esta atitude também é insatisfatória, pois "se ele não é jamais perturbado, isso pode levá-lo à irreverência, D'us não o permita." Todo judeu requer uma forte barreira separando-o do pecado. Se o fato de ele ser perverso não o incomoda em absoluto, é provável que se torne irreverente, e zombe de todos os valores judaicos. Tudo isso ocorrendo, por que deveriam nossos Sábios apresentar-nos a sugestão acima mencionada, que parece não ter efeito positivo algum sobre a pessoa?



A necessidade de definições claras


     Estes problemas que Rabi Shneur Zalman apresenta no início do primeiro capítulo do Tanya agem como uma introdução ao repensamento de toda a estrutura de nossas idéias. Mesmo conceitos tão simples e bem conhecidos como justo e perverso devem ser definidos adequadamente a fim de entendermos suas verdadeiras implicações. Com o conhecimento detalhado dos assuntos que serão discutidos nos próximos capítulos, veremos como são benéficas e exatas as declarações de nossos Sábios.


... continua ...

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