Sefer Tanya 4° Parte
Após ter lido a terceira parte: http://judeusdecaruaru.blogspot.com/2011/10/sefer-tanya-3-parte.html
Daremos continuidade na apresentação do Sefer Tanya através do título:
O autor do Tanya escolheu começar este
livro com a declaração de Nossos Sábios que trata da administração de um juramento
ao judeu antes de ele nascer: "Aprendemos: Um juramento é administrado a
ele [antes de nascer, encarregando-o]: 'Seja justo, não seja perverso; e mesmo
que o mundo inteiro lhe diga que você é justo, considere-se perverso.'" Um
judeu ganha o privilégio de fazer este juramento antes de sua entrada no mundo
exterior. Este vem depois de um rico período de sua vida - nove meses no útero,
durante os quais ele aprendeu toda a Torá. Embora todo este estudo de Torá seja
esquecido quando da entrada do recém-nascido no mundo, pois Nossos Sábios
declaram que um anjo dá um tapa na boca da criança, fazendo-a esquecer tudo que
aprendeu, mesmo assim o juramento que fez permanece, e o acompanha por toda a
vida. Assim sendo, devemos entender a natureza desse juramento. Qual é seu
objetivo? Que benefícios resultam dele?
Um Pacto
Eterno
A administração de um juramento pode ser
comparada a um pacto feito entre dois amigos que se amam muito, e desejam
assegurar que sua amizade continuará para sempre. A vida é repleta de altos e
baixos, e ninguém pode ter certeza de que as vicissitudes do tempo não trarão
circunstâncias que enfraqueçam a amizade que os dois têm um pelo outro, e que
logicamente pode até exigir que se corte todo o contato. Assim, para assegurar
que isso não acontecerá, os amigos fazem uma aliança, ou pacto. Cada qual jura
ao outro que sua amizade jamais faltará. Em virtude desse pacto, sua amizade é
elevada do nível de amor forçado pelo intelecto (que depende das
circunstâncias, e sobre as quais Nossos Sábios declararam: "Quando mudam
as circunstâncias, o amor evapora") a um amor que está além das convicções
intelectuais - isso é amor que não pode ser interrompido por coisa alguma.
Uma situação similar aplica-se à alma.
Como ela está acima, antes de descer ao corpo, a alma vivencia amor e
reverência a D'us. No entanto, existe o temor de que quando a alma descer para
tornar-se envolvida no corpo físico, e esteja distanciada de seu estado
original, a experiência elevada de amor e reverência irão desaparecer. Além do
mais, existe o perigo de que a alma irá sucumbir às sugestões e atrativos da
alma animalesca pela qual ela se torna envolvida. Este é o motivo pelo qual um
juramento é administrado à alma. Serve como um pacto entre a alma e D'us, desta
forma nem mesmo as condições do novo mundo ao qual ela desce não podem
impedi-la de aprender Torá e cumprir as Mitzivot.
A diferença essencial entre uma resolução
comum e a expressão de um juramento pode ser explicada enfatizando-se a
importância dos juramentos. Os ensinamentos chassídicos explicam que o homem
tem diversos poderes na alma, incluindo poderes que geralmente estão ocultos,
mesmo da pessoa na qual eles existem, pois ele simplesmente não sente seu
efeito. Em épocas de grande perigo estes poderes da alma podem se tornar
revelados. De repente, uma pessoa é capaz de realizar atos que exigem tal força
que normalmente seriam considerados além de sua capacidade. Assim, o perigo
pode despertar e revelar poderes ocultos. Juramentos funcionam de maneira
similar. Os juramentos geralmente são vistos pelas pessoas sob uma ótica muito
séria. Alguém que não tenha o cuidado de dizer sempre a verdade dirá apenas a
verdade quando estiver sob juramento, pois em virtude do juramento que fez,
poderes ocultos da alma são revelados. Alguém que normalmente se esforça muito
para cumprir sua palavra fará de tudo para cumprir um juramento.
É por esses motivos que o homem é ordenado
a fazer um juramento - "seja justo", a respeito de todos os
mandamentos positivos, e "não seja perverso", quanto à estrita
observância de todas as proibições. Devido à gravidade do juramento que fez,
elevados poderes interiores da alma serão revelados, e fará todo esforço para
superar os obstáculos.
Os Juramentos Satisfazem
Vale a pena enfatizar que a palavra
juramento, Sh’vuá em hebraico, está etimologicamente relacionada à
palavra Savá, significando satisfação ou saciedade. A administração do
juramento acima mencionado à alma, antes de sua descida ao mundo, sacia a alma,
dotando-a de poderes elevados adicionais. Da mesma maneira que a pessoa se
sente de bom humor quando se alimentou bem, e pode realizar seus deveres
adequadamente, assim é também com a alma. Quando esta está saciada da maneira
previamente mencionada, tem os poderes de dominar a má inclinação, o Tetzer HaRá,
e a forçá-la ao reino da santidade. Isso sugere não apenas "afastar-se do
mal e fazer o bem", como também purificar a grosseria do corpo físico, e
retificar sua alma animalesca. Ele possui o poder de conseguir sucesso em
assuntos de Torá e Mitzivot como indivíduo, e de transformar as trevas em luz
no mundo em geral.
... continua ...
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