Tevilá o Rito de Passagem
Na primeira postagem dessa sequência:
Nós vimos de onde surge o conceito do Batismo, a importância do mesmo na liturgia judaica e sua relevância acentuada nas Escrituras Sagradas.
Na segunda postagem dessa sequência:
Nós vimos que a Tevilá tem a mesma força na Torá de qualquer das mais importantes Mitzivot. Aprendemos sobre a idade correta (ou espitualmente adequada) para se passar alguém pela Tevilá de forma que o rito se mostre válido e munido do Testemunho das Escrituras Sagradas. Falamos também sobre a forma do imergir e onde imergir.
Nessa terceira e última parte dessa matéria, abordaremos o tema; o que se deve falar ou invocar no ato da imersão, porque tais palavras se mostram tão necessárias?
Para dar início à nossa postagem, tomarei emprestado algumas palavras do Dr. Bonney Cassady:
“Estas foram as primeiras palavras que Yeshua nos deu ... Primeiro, nós fomos chamados para “fazer discípulos(ou talmidim) entre todas as nações”.
O Judaísmo é a única religião do mundo que não tem uma autoridade humana central ou uma instituição central que regulamente seus ritos ou monopolize o estatus de judeu de qualquer forma. A prova disso se encontra na presença dos muitos ramos judaicos existentes que não contam com a aprovação do Rabinato Israelense e nem por isso estes se sentem menos judeus do que qualquer outro, como exemplo podemos citar os judeus humanistas, os judeus progrecistas, os judeus anussitas, os judeus abyudaias, os judeus samaritanos, os judeus messiânicos dentre tantos outros. Mas, como então eles podem mesmo sem nenhum vículo aparente se comportarem de forma tão semelhante? Como podem mesmo a quilômetros de distância de concordarem uns com os outros ainda assim defender os mesmos valores fundamentais da Religião judaica que consiste no testemunho da fidelidade e amor para com o Eterno, Bendito Seja o Seu Nome, e a Sua Santa Torá?
O Elo que nos une a todos, consiste em guiar nossos “passos” em direção a Deus atravás das 613 Mitzivot, e dentre estas Mitzivot se encontra a Tevilá. Todos estes diferentes movimentos judaicos facilmente identificados hoje praticam a Tevilá, porém, o diferencial entre eles surgi da importância que ocupa o rito da Tevilá no processo de “passagem” de um estado profano para um estado puro.
Para os judeus talmudistas e kabalistas, a Tevilá tem um papel muito importante quando realizado pela primeira vez sobre um converso a fim de que o mesmo “passe” da condição de gentio para a condição de judeu. Para os judeus Mevasserim (que acreditam no Novo Testamento), o mesmo Rito toma proporções maiores, o rito da Tevilá se torna um Sinal externo da passagem do indivíduo pela morte espiritual e ressureição espiritual em nova consciência de acordo com um novo comportamento, como explicado pelo Shaliach Shaul:
“Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que abunde a Graça? De modo nenhum. Nós, que já morremos para o pecado, como viveremos ainda nele?Ou, porventura, ignorais que todos quantos fomos imersos na Unção de Yeshua fomos imersos em Sua morte? Fomos, pois, sepultados com Ele pela Tevilá na morte, para que, como Mashiach foi Ressuscitado dentre os mortos pela Glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Porque, se temos sido unidos a Ele na semelhança da Sua morte, certamente também o seremos na semelhança da Sua Ressurreição; sabendo isto, que o nosso homem velho foi crucificado com Ele, para que o corpo do pecado fosse desfeito, a fim de não servirmos mais ao pecado. Pois quem está morto está justificado do pecado. Ora, se já morremos com Mashiach, cremos que também com Ele viveremos, sabendo que, tendo Mashiach Ressurgido dentre os mortos, já não morre mais; a morte não mais tem domínio sobre Ele. Pois quanto a ter morrido, de uma vez por todas morreu para o pecado, mas quanto a viver, Vive para Deus. Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Mashiach Yeshua. Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para obedecerdes às suas concupiscências; nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado como instrumentos de iniqüidade; mas apresentai-vos a Deus, como revividos dentre os mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça.”
(Romanos 6:1-13)
Bom, já ficou claro que exite uma diferença relevante em ambos os ritos praticados pelos judeus kabalistas, talmudistas e mevasseritas. Mas, qual a diferença?
No Rito da Tevilá comum, os judeus mergulham três vezes em uma Mikvé de cócoras, como símbolo de um novo nascimento, e é justamente nessa posição que se encontra um bêbe no ventre de sua mãe, assim o judeu que passa pela Tevilá está abandonando o rítmo de vida anterior e adotando um outro que logicamente o levará em uma outra direção, o que espiritualemtne fará deste judeu uma nova pessoa. Enquanto está imergindo, o judeu deve pronunciar a seguinte benção:
Mlweh Klm wnyhwla hwhy hta Kwrb
wnwyuw wytwyumb wnvdq rva
hlywjh la
Barukh Atá Adonai, eloheinu Melekh haOlam, Asher Quidashnu, BeMitzivotav VeTzivanu; El HaTevilá
“Bendito Sejas tu, Eterno rei do Universo, que nos santificastes com os Teus mandamentos e nos Ordenastes a Tevilá”
Este processo deve ser repetido todas as vezes que um judeu se impurificar com qualquer das coisas proibidas pela Torá, esse processo, ao contrário do que muitos pensam, irá se repetir durante toda a vida de um judeu. Essa mesma fórmula é também praticada pelos judeus Mevasserim, porém, o diferencial no nosso caso, ocorre no ato da realização do rito pela primeira vez.
Para nós, os judeus mevasseritas, a Tevilá tem uma importância ímpar no ato da conversão, essa importância que creditamos ao Rito, não é enchergada claramente pela mídia judaica, mas é facilmente identificada em todo o Tanakh e tradição judaica, como por exemplo, a Tevilá como parte integrante da cerimônia de casamento descrita aqui pelo Dr. Bonney Cassady:
“Em Israel, para se juntar a comunidade religiosa e converter-se ao judaísmo, o individuo tem que ser imerso (Tevilah) dentro de um Mikvê e renunciar a sua velha forma de viver, e então ser considerado um judeu. Os judeus não creem em aspersões. O individuo entra na água como Gentio e ressurge como Judeu, este ato de fé renunciando toda idolatria, e arrependendo-se de seus pecados, e prometendo obedecer os mandamentos e cumprir com a Halakhah (O Caminho da Fé) exatamente como o nosso pai Abraão o fez.
Nós precisamos lembrar que para entrar no plano da Salvação nós concordamos em um contrato de casamento com o Deus de Israel no qual é explicado desta forma:
Jeremias 2:1-2: "Então veio a mim a Palavra do Senhor dizendo: Vai e clama aos ouvidos de Jerusalém: Assim diz HaShem: Lembro-me de ti quando eras jovem, e o teu amor , quando noiva, e de como me seguias no deserto, numa terra que não se semeia.”
(Jeremias 2:1-2)
O Eterno tomou a Israel como uma Noiva, então nós teríamos que perguntar: o que acontece em um casamento judaico?
Um dos costumes do Tevilah no casamento Judaico é quando a noiva se torna santificada pela imersão na água. A palavra Mikveh significa um tanque ou depósito de água para ritual de purificação. Para as noivas, a imersão em água representa uma demonstração externa de uma realidade interna. Significa a necessidade de separar-se do mundo para unir-se ao seu esposo. Significa que você tem deixado a sua vida passada para continuar uma nova vida em matrimônio. Quando nós nos arrependemos dos nossos pecados, nós aceitamos a imersão para anunciar a nossa união com Yeshua. Portanto nós devemos seguir a compreensão correta da imersão que tem sido entregue a nós através da Torah, Profetas e Tradições Judaicas.”
No caso de um matrimônio, a fórmula usada é a mesma supra-citada, porém, fica claro aqui a aplicação do rito com outro objetivo além do de purificar-se para si próprio, nesse caso, a noiva se purifica para o noivo e nisto há uma sutil diferença no objetivo da aplicação do rito da Tevilá.
O Rito da Tevilá praticada pelos judeus Mevasserim no ato da conversão, por causa de seu importantíssomo simbolismo, acabou por apresentar a partir dos discípulos de Rabi Yeshua MiNetzeret, alguns pormenores que na maioria dos casos é mal interpretado e portanto, hoje, acaba por parecer um rito alheio à Tevilá descrita na Torá, porém, uma interptretação correta da ordenança dada pelo Rabi Yeshua HaMashiach deixará a fórmula clara e sem sombra de variação, com relação à essa tendência ocidental de “tirar” a originalidade dos ritos judaicos o dr. Bonney Cassady afirma:
“... Em Segundo lugar, nós temos que “imergir” ou “batizar” aqueles que se tornarem discípulos do nosso Messias Yeshua, e finalmente, nós os ensinaremos “ a fazer tudo que eu vos tenho ensinado. . .” Yeshua disse: “Aquele pois que violar um destes Mandamentos, mesmo sendo um dos menores, e assim ensinar aos homens, será considerado o menor no Reino dos Céus; e aquele que observar e ensinar será considerado grande no Reino dos Céus.” (Mt 5:18) Então quando Yeshua nos disse para ensinar aos outros “tudo que eu vos tenho ensinado”, não foi aquele tipo de ensinamento anti-Torah hoje visto em muitas igrejas.”
Mas enfim; qual é a fórmula mevasserita do rito da Tevilá? A ordenança ocorre no Sefer B’Sorat Haquedoshá AlPi Matai (Evangelho segundo Mateus) no capítulo 28, versículo 19:
Mywgh lk ta Mydymltl wvew wkl
vdqh xwrw Nbhw bah Mvl Mta Mtlbjw
Lekhú VeAssu L’Talmidim Et Kol Hagoim VeTibaltem Otam L’Shem HaAv VeHaBen VeRuach HaQodesh
“Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”
A maioria dos cristãos, acabam por afirma que esse versículo é uma indicação da “Santíssima-Trindade”, os opositores por sua vez tendem a afirmar, para escapar a essa “prova” que o referido varsículo foi acrescentado, alegando como prova de seu argumento a afirmação de Kefa Bar Yoná (Pedro) em Atos dos Apóstolos 2:38, que diz:
Mkykrdm wbwv Mhyla apyk rmayw
xyvmh ewvy Mv le Mkm vya lk wlbjhw
ta Mtlbqw Mkyajx txylol
vdqh xwr tntm
Vaimer Keifa Aleihem: Shuvu MiDarkeikhem VeHitavelu Kol Ish Mikem Al Shem Yeshua HaMashiach L’Selichat HaTaeikhem VeQuibaltem Et Matanat Ruach HaQodesh
“E disse Keifa para eles: Retornem de seus caminhos e sejam imersos todas as pessoas no nome de Yeshua HaMashiach e terão o Perdão de seus pecados e receberão o Dom do Espírituo Santo.”
Nós os judeus mevasseritas, também, nos apoiamos em ambas as citações, porém, com obgetivo diferente; não entendemos a primeira citação como uma indicação da “Santíssima-Trindade” e nem a segunda citação como prova de que a primeira foi um acréscimo posterio no texto original. Gosto de pensar da seguinte forma com relação aos supostos acréscimos nos textos das Escrituras Sagradas:
“O Eterno nosso Deus, Bendito Seja o Seu nome, Criou todo o Universo Sozinho, todos os astros estão em órbita graças à Sua Vontade e as Escrituras Sagradas afirmam que nem se quer uma folha de uma árvore cai sem que Ele permita, e olha que existe bilhões e bilhões de árvores no mundo inteiro e nenhum fica sem seus cuidados, como então poderia o Eterno não ter controle sobre um livro?”
Com relação às duas citações em particular, nós acreditamos que uma corrobora com a outra na definição correta da fórmula da Tevilá. Observe que em Mateus 28:19, o Salvador diz: “... Imergindo-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.” Aqui é onde se encontra o “X” da questão: Ele não pediu para que você repetisse sobre o candidato a Tevilá as palavras; “em Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.” Ele pediu que você invocasse o nome do Pai sobre o candidato, e o Nome do Pai não é Pai, Ele pediu para que você invocasse o Nome do Filho sobre o candidato, e o Nome do filho não é Filho. Ele pediu que você invocasse o Nome do Espírito Santo sobre o candidato, e o nome do Espírito Santo não é Espírito Santo. Quando Ele falou aqueles palavras, ele as falou para os discípulos, que eram judeus, que viviam na Judéia e portanto conheciam desde pequenos o nome do Pai, estavam falando com o Filho e conheciam o Espírito Santo. Foi por isso que quando Keifa teve a oportunidade de pôr em prática o que aprendera e o que também a ele foi ordenado, ele fez da forma que fez; em Nome de Yeshua HaMashiach e não ao contrário, pois, no Nome de Yeshua HaMashiach encontramos porfeticamente o nome do Pai no Nome do Filho – Yeshua quer dizer: O Eterno Salvador – Segundo o próprio Rabi Yeshua, quando conversava com a mulher samaritana, Ele afirmou que Deus é Espírito (João 4), e é o único Santo por excelencia, portanto, o Próprio Eterno é o Espírito Santo que se faz presente através de Sua Unção sobre os crentes, daí esse é o Nome referente à Influência do Espírito Santo no mundo; Mashiach. Assim, quando alguém passa pelo Rito da Tevilá no processo de conversão ao Judaísmo através dos judeus mevasseritas, a invocação é o primeiro e mais importante diferencial do seu Rito de Tevilá quando comparado com as outras variantes no Judaísmo convencional, que é a seguinte:
xyvmh ewvy Mvb Ktlybj yna
Ani Tevilatekha / Tevilatekh B’Shem Yeshua HaMashiach
“Eu estou te imergindo no Nome de Yeshua HaMashiach.”
O segundo mais importante diferencial consiste da forma que é imerso o candidato à Tevilá para conversão, não se imerge o candidato de cócoras como na Tevilá convencional, o candidato é imerso “deitado” simbolizando um sepultamento, assim, como já explicado anteriormente cumpre-se o propósito da Tevilá como ensinada por Rabi Yeshua MiNetzeret HaMashiach.
“Porém Israel é salvo pelo SENHOR, com uma Eterna Salvação; por isso não sereis envergonhados nem confundidos em toda a Eternidade.”
(Isaías 45:17)
http://www.bibliaonline.com.br/acf/s/*/1/sim%C3%A3o%20cefas
Por favor me responda qual a diferença entre mikvé e Tevilá , me disseram que mikvé e o lugar onde se faz a tevilá isso esta certo
ResponderExcluirShalom Sr. Anderson!
ResponderExcluirMuito obrigado pelo seu comentário.
Mikvê é uma palavra hebraica cuja tradução para o português é; "ajuntamento", neste caso de águas. Portanto; Mikvê é o lugar onde as águas se juntaram formando, os mares, os lagos as fontes e etc. Enquanto que Tevilá é uma palavra hebraica cuja tradução para o português é; "imergir", desta forma Tevilá é o ato de ser imerso numa Mikvê (ajuntamento de águas). Espero ter ajudado.
Shalom UL'Hitraot!!!