terça-feira, 12 de julho de 2011

Qual é a diferença entre Drashá e Parábola?


Qual é a diferença entre Drashá e Parábola?



Parábola    
Começarei por divagar pelo conceito da Parábola, por ser mais popular do que o conceito do Drashá.
     Parábola é uma palavra grega latinizada cuja tradução primeira é; “comparação” – todas as vezes que os gregos procuravam ensinar ao povo matérias relativas à Natureza, às divindades e à Filosofia em si, geralmente recorriam às parábolas e por meio da comparação e ou equivalências os instrutores ensinavam com relativa facilidade o conteúdo pretendido até mesmo para as mentes mais simples. A Parábola se torna ferramenta de domínio universal com relação à transmissão do conhecimento do Reino de Deus, não porque Jesus usou de parábolas (como veremos a seguir), mas pelo fato do Novo Testamento ter chegado aqui no Ocidente através da escrita e cultura Grega, portanto, se torna óbvio o porquê do uso do termo parábola para a tradução do (ou equivalência) do termo Drashá, que consiste na técnica usada pelos rabinos para pregar os seus sermões de forma a serem compreendidos por todos os seus ouvintes independentes do grau de instrução. Nesse aspecto, a Parábola e a Darash ou Drashá tem o mesmo papel, o que naturalmente levou o tradutor a entender que um e outro vocábulo eram equivalentes e portanto, serviram ao propósito da tradução. No entanto, a Parábola difere da Drashá pelo fato de que a função da Parábola é humanizar o conceito divino dos deuses gregos a fim de que as pessoas simples pudessem acatar as máximas proferidas pelos pensadores gregos como lei sem questionar, para isso, teriam que usar de uma autoridade sobre-humana (nesse caso os deuses) para que efetivamente viessem a ter de fato a reverência do povo – vale a pena notar aqui que este tipo de “ferramenta” ainda hoje é usada pelas igrejas, isso pode ser facilmente notado quando o líder religioso profere um sermão carregado de seu próprio ponto de vista sobre o tema analisado e para que os “fiéis” venham a acatar o que ele diz sem questionarem, o líder assevera que tal conceito foi proferido por Deus, ele é apenas mais um instrumento nas mãos de Deus.

     Então podemos concluir que; Parábola é uma ferramenta lingüística usada para humanizar o cotidiano dos deuses a fim de dar autoridade sobre-humana à máximas proferida pelos pensadores gregos ( a princípio foi assim). Como exemplo podemos citar a estória de Narciso que busca aclarar o conceito destrutivo do excesso de amor por si mesmo, a história de Gáia e Chronos mãe e filho que dão origem ao mundo e toda a sua estrutura, dentre tantas outras estórias cuja função era aproximar uma “realidade superior” à realidade do homem simples.
     

Drashá
     Drashá por sua vez, apesar de também ser uma forma “alegórica” de transmitir conhecimento, o seu papel se torna inverso ao da Parábola quando a principal função da Drashá é divinizar o conceito de humanidade, elevando-os acima das outras criaturas e portanto, aproximando o homem de Deus. Enquanto que a Parábola busca autoridade nos deuses para impor seu conceito de certo e errado para as pessoas simples, a Drashá por sua vez busca mostrar ao homem simples a Centelha Divina inerente em seu comportamento cotidiano, ou seja; enquanto um submete o outro liberta.

     A palavra Darash deriva da palavra hebraica Midrash, assim como a palavra Drashá. Na literatura rabínica pode se observar com facilidade os sábios recorrendo a Drashá a fim de ensinar mais eficazmente aos seus discípulos, durante séculos se produziu no mundo judaico milhares de Drashot (plural de Drashá ou Darash) cujo uma boa parte dessa tão importante produção literária quando foram reunidas deram origem ao Midrash – o livro que contém a coletânea destes ditos rabínicos cujo significado profundo é exposto de forma simples e compreensível até mesmo por uma criança.
      A Drashá foi utilizada antes dos rabinos pelos próprios profetas, e mais tarde pelos rabinos e estudiosos da Torá de todas as épocas. Como exemplo o relato em 2 Samuel 12:1-6, quando o Eterno, Bendito seja o Seu Nome, envia o Profeta Natã para repreender a Davi por causa de sua conduta:

“E o SENHOR enviou Natã a Davi; e, apresentando-se ele a Davi, disse-lhe: Havia numa cidade dois homens, um rico e outro pobre.
O rico possuía muitíssimas ovelhas e vacas.
Mas o pobre não tinha coisa nenhuma, senão uma pequena cordeira que comprara e criara; e ela tinha crescido com ele e com seus filhos; do seu bocado comia, e do seu copo bebia, e dormia em seu regaço, e a tinha como filha.
E, vindo um viajante ao homem rico, deixou este de tomar das suas ovelhas e das suas vacas para assar para o viajante que viera a ele; e tomou a cordeira do homem pobre, e a preparou para o homem que viera a ele.
Então o furor de Davi se acendeu em grande maneira contra aquele homem, e disse a Natã: Vive o SENHOR, que digno de morte é o homem que fez isso.
E pela cordeira tornará a dar o quadruplicado, porque fez tal coisa, e porque não se compadeceu ...”

     Ou quando ensinou Kohélet (Salomão) sobre o Temer a Deus em Eclesiastes 12:1-7 :

“Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento;
Antes que se escureçam o sol, e a luz, e a lua, e as estrelas, e tornem a vir as nuvens depois da chuva;
No dia em que tremerem os guardas da casa, e se encurvarem os homens fortes, e cessarem os moedores, por já serem poucos, e se escurecerem os que olham pelas janelas;
E as portas da rua se fecharem por causa do baixo ruído da moedura, e se levantar à voz das aves, e todas as filhas da música se abaterem.
Como também quando temerem o que é alto, e houver espantos no caminho, e florescer a amendoeira, e o gafanhoto for um peso, e perecer o apetite; porque o homem se vai à sua casa eterna, e os pranteadores andarão rodeando pela praça;
Antes que se rompa o cordão de prata, e se quebre o copo de ouro, e se despedace o cântaro junto à fonte, e se quebre a roda junto ao poço,
E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu.”


      Nisso também difere a Drashá da Parábola; a Parábola usa de artifícios imaginários para ilustrar as suas máximas e a Drashá faz uso da conduta diária do camponês ou homem simples para ensinar-lhe sobre ele mesmo.
     Isso se mostra verdadeiro quando lemos a Odisséia, a Fundação de Roma (no conto de Rômulo e Remo), as muitas estórias de Zeus e sua influência junto aos homens, o Mundo Inferior governado por Hades e guardado por Cérbero o cão de trás cabeças. Estas são alegorias primitivas que dominaram o imaginário dos gregos antigos cujos conceitos de Céu e Inferno, Salvação e Perdição tiveram o seu “colorido” surgindo dessas estórias.
      Ao passo que na Drashá, o contrário também se mostra verdadeiro quando lemos sobre os sermões do Rabi Yeshua MiNetzeret (Rabino Jesus de Nazaré), quando lemos os contos dos Sábios no Talmud, no Zohar e outros contos de domínio popular, poderemos ver com facilidade que a alegoria ali oferecida é baseada em coisas do dia-a-dia, a lição consiste em apenas “ler” de forma mais profunda o que já se faz rotineiramente, sem exageros, sem sobre naturalidade, o contexto da Drashá se dá dentro do ambiente histórico de fato.


     Bom, para terminar, exporei aqui algumas Drashot que gosto muito e suas respectivas fontes. Espero que a matéria venha se revelar atraente e instrutiva, afinal de contas, é este o papel da Drashá ou Drashá.

“O rabino Elimelekh havia feito uma bela Drashá, e agora estava voltando para sua terra natal. Para homenageá-lo e mostrar gratidão, os fiéis resolveram seguir a carruagem de Elimelekh até que ela saísse da cidade.
Em dado momento, o rabino parou a carruagem, pediu que o cocheiro seguisse adiante sem ele, e passou a acompanhar o povo.
- Belo exemplo de humildade – disse um dos homens ao seu lado.
- Não existe qualquer humildade no meu gesto, mas um pouco de inteligência – respondeu Elimielekh. – vocês aqui fora estão fazendo exercício,cantando, bebendo vinho, confraternizando uns com os outros, arranjando novos amigos, tudo por causa de um velho rabino que veio falar sobre a Arte da Vida. Então, deixemos minhas teorias seguirem naquela carruagem, porque eu quero participar da ação.”


Rabi Yeshua MiNetzeret disse:
“E depois disto designou o Senhor ainda outros setenta, e mandou-os adiante da sua face, de dois em dois, a todas as cidades e lugares aonde ele havia de ir.
E dizia-lhes: Grande é, em verdade, a seara, mas os obreiros são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que envie obreiros para a sua seara.
Ide; eis que vos mando como cordeiros ao meio de lobos.”


“O grande rabino Ytzichaq Meir, quando ainda estudava as tradições de seu povo, escutou um de seus amigos dizer, em tom de brincadeira:
- Eu lhe dou uma moeda se você conseguir me dizer onde Deus Mora.
- E eu lhe darei duas moedas, se você me disser onde Deus não Mora. – respondeu Meir.”


“E eis que se levantou um certo Doutor da Lei, tentando-o, e dizendo: Mestre, que farei para herdar a Vida Eterna?
E ele lhe disse: Que está Escrito na Lei? Como lês?
E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.
E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso, e viverás.
Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Rabi Yeshua MiNetzeret: E quem é o meu próximo?
E, respondendo Rabi Yeshua MiNetzeret, disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.
E, ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo.
E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo.
Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão;
E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele;
E, partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu to pagarei quando voltar.
Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?
E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois, Rabi Yeshua MiNetzeret: Vai, e faze da mesma maneira.”


Um rabino reuniu seus alunos, e perguntou:
- Como é que sabemos o exato momento em que a noite acaba e o dia começa?
- Quando, à distância, somos capazes de distinguir uma ovelha de um cachorro – disse um menino.
O rabino não ficou contente com a resposta.
- Na verdade – disse outro aluno – sabemos que já é dia quando podemos distinguir, à distância, uma oliveira de uma figueira.
- Não é uma boa definição.
-Qual é a resposta, então? – perguntaram os garotos.
E o rabino disse:
- Quando um estrangeiro se aproxima, e nós o confundimos com o nosso irmão, este é o momento em que a noite acaba e o dia começa.”


Rabi Yeshua MiNetzeret disse:
“Eis que vos dou poder para pisar serpentes e escorpiões, e toda a força do inimigo, e nada vos fará dano algum.
Mas, não vos alegreis porque se vos sujeitem os espíritos; alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos Céus.
Naquela mesma hora se alegrou Jesus no Espírito Santo, e disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste às criancinhas; assim é, ó Pai, porque assim Te aprouve.”


“Certa vez um homem interrogou o rabino Yehoshua Ben Kareach:
-Por que Deus escolheu um espinhal para falar com Moisés?
O rabino respondeu:
- Se Ele tivesse escolhido uma oliveira ou uma amoreira, você teria feito a mesma pergunta. Mas não posso deixá-lo sem uma resposta: por isso digo que Deus escolheu um mísero e pequeno espinhal para ensinar que não há nenhum lugar na terra que Ele não esteja presente.”


“E havia entre os Perushim um homem, chamado Niqádemon, um dos principais entre os judeus.
Este foi ter de noite com Rabi Yeshua MiNetzeret, e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele.
Rabi Yeshua MiNetzeret respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus.
Disse-lhe Niqádemon: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?
Rabi Yeshua MiNetzeret respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.
O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.
Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo.
O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.”



“Um jovem muito rico foi ter com um rabi, e lhe pediu um conselho para orientar a vida. Este o conduziu até a janela e perguntou-lhe:
- O que vês através dos vidros?
- Vejo homens que vão e vem, e um cego pedindo esmolas na rua.
Então o rabino mostrou-lhe um grande espelho e novamente o interrogou:
- Olha neste espelho e dize-me agora o que vês.
- Vejo-me a mim mesmo.
- E já não vês os outros! Repara que o espelho e a janela são ambos feitos da mesma matéria prima, o vidro; mas no espelho, porque há uma fina camada de prata colada nele, não vês nele mais do que a tua pessoa. Deves comparar-te a estas duas espécies de vidro. Pobre, vias os outros e tinhas compaixão por eles. Coberto de prata – rico – vês apenas a ti mesmo. Sá valeras alguma coisa, quando tiveres coragem de arrancar o revestimento de prata que tapa os teus olhos, para poderes de novo ver e amar aos outros.” 


“Disse Rabi Yeshua MiNetzeret:
Aquele que procura, continue sempre em busca até que tenha encontrado; e quando tiver encontrado, sentir-se-á perturbado; sentindo-se perturbado, ficará maravilhado, e reinará sobre tudo.”


“O mestre levou seu discípulo para perto de um lago.
- Hoje vou te ensinar o que significa a verdadeira devoção – disse.
Pediu ao discípulo que entrasse com ele no lago, e segurando a cabeça do rapaz, colocou-a debaixo d’água.
O primeiro minuto passou. No meio do segundo minuto o rapaz já se debatia com todas as forças para livrar-se das mãos do mestre, e poder voltar a superfície.
No final do segundo minuto o mestre soltou-o. O rapaz, com o coração disparado, levantou-se, ofegante.
- O Sr. Quis matar-me! – gritava.
O mestre esperou que ele se acalmasse e disse:
- Não desejei matá-lo – porque se desejasse, você não estaria mais aqui. Queria apenas saber o que sentiu, enquanto estava debaixo d’água.
- eu me senti morrendo! Tudo que desejava na vida era respirar um pouco de ar!
- É exatamente isso. A verdadeira devoção só aparece quando só temos um desejo, e morreremos se não conseguirmos realizá-lo.”



“Disse Rabi Yeshua MiNetzeret:
Se vossos guias vos afirmarem: eis que o Reino está no Céu, então, as aves estarão mais perto do Céu do que vós; se vos disserem: eis que está no mar, então, os peixes já O conhecem...
Pelo contrário, o Reino está dentro de vós e, também, fora de vós.
Quando vos conhecerdes a vós mesmos, então sereis conhecidos e sabereis que sois filhos do Pai, o Vivente; mas se não vos conhecerdes, então estareis na ilusão, e sereis ilusão.”


“Após uma exaustiva sessão matinal de orações, o discípulo perguntou ao seu mestre:
- Todas estas orações que o senhor nos ensina, fazem com que Deus se aproxime de nós?
- Todas essas orações que você faz – perguntou o mestre – irão fazer o sol nascer amanhã?
- Claro que não! O sol nasce porque obedece a uma Lei Universal!
- Então, essa é a resposta à sua pergunta. Deus está perto de nós independente das preces que fazemos.
O discípulo revoltou-se.
- O senhor quer dizer que nossas orações são inúteis?
- Absolutamente. Se você não cedo, nunca conseguirá ver o sol nascendo. Se você não reza, embora Deus esteja sempre perto, você nunca conseguirá notar a sua presença.”


“Disse Rabi Yeshua MiNetzeret:
Reconhece aquilo que está à tua frente e o que te é oculto, te será revelado.
Com efeito, não há nada em oculto que não venha a ser manifesto.”


“Certo dia, o rabino Baal Shem Tov, estava no topo de uma colina com seus discípulos, quando viram um grupo de cossacos atacarem a cidade e começarem a massacrar as pessoas.
Vendo muitos de seus amigos, lá embaixo, morrendo e pedindo misericórdia, o rabino exclamou:
- Ah, se eu pudesse ser Deus
Um discípulo chocado virou-se para ele:
- Mestre, como ousa proferir uma blasfêmia destas? Quer dizer que, se o senhor fosse Deus, ia agir de maneira diferente? Quer dizer que o senhor acha que Deus muitas vezes faz o que é errado?
O rabino olhou nos do discípulo,  e disse:
- deus sempre está certo. Mas se eu pudesse ser Deus, eu saberia o que está acontecendo.”


“Disse Rabi Yeshua MiNetzeret:
Vim pôr fogo ao mundo e eis que hei de preservá-lo até que arda.”

“Um fiel aproximou-se do rabino Moshé de Kobryn:
- De que maneira devo usar dias, para que Deus fique contente com meus atos?
- Só existe uma alternativa: procure viver com amor – disse o rabino.
Minutos depois, outro discípulo faz a mesma pergunta.
- Só existe uma alternativa: procura viver com alegria.
O primeiro discípulo ficou surpreso:
- Mas o conselho que o senhor me deu foi diferente!
- Ao contrário – disse Moshé de Kobryn – foi exatamente igual.”



“Disse Rabi Yeshua MiNetzeret:
Eu vos darei o que nenhum olho viu, o que nenhum ouvido ouviu, o que a mão nunca tocou e o que jamais penetrou no coração do homem.”


“Dois rabinos tentam, de todas as maneiras levar o conforto espiritual aos judeus na Alemanha nazista. Durante dois anos, embora mortos de medo, enganam a Gestapo – a temível polícia de Adolf Hitler – e realizam ofícios religiosos em várias comunidades.
Finalmente são descobertos e presos. Um dos rabinos, apavorado com o que acontecer dali por diante, não para de rezar. O outro – ao contrário – passa o dia inteiro dormindo.
- Por que você está agindo assim? – pergunta o rabino assustado.
- Para salvar minhas forças. Sei que vou precisar delas daqui por diante.
- Mas você não está com medo? Não sabe o que pode nos acontecer?
- Eu estava em pânico, até o momento da prisão. Agora que estou nesta cela, de que adianta temer o que já aconteceu? O tempo do medo acabou; agora começa o tempo da Esperança.”



“Os discípulos perguntaram ao Rabi Yeshua MiNetzeret:
- Diz-nos, qual será o nosso fim?
Disse Rabi Yeshua MiNetzeret:
- O que conheceis em relação ao Princípio para que estejais à procura do fim? Com efeito, onde estiver o Princípio aí também estará o Fim. Feliz aquele que conhece o Princípio; conhecerá o Fim e não provará da Morte.”



“No século passado, um judeu americano foi ao Cairo visitar o famoso rabino polonês Chafetz Chaim. O turista ficou surpreso ao ver que o rabino morava num quarto simples, cheio de livros, onde as únicas mobílias eram uma mesa e um banco.
- Rabi, onde estão seus móveis? – pergunta o turista.
- E onde estão os seus? – retorquiu Chafetz.
- Os meus? Mas eu só estou de passagem!
- Eu também – disse o rabino”


“Disse Rabi Yeshua MiNetzeret:
Eu vos escolherei um dentre mil e dois dentre dez mil, e eles erguer-se-ão como se fossem um só, simples.”



“Um Profeta chegou certa vez a uma cidade para convencer seus habitantes. A princípio, as pessoas ficaram entusiasmadas com o que ouviam. Mas – pouco a pouco – a rotina da vida espiritual era tão difícil, que homens e mulheres se afastaram, até que não ficou uma só alma para ouvi-lo.
Um viajante, ao ver o Profeta pregando sozinho, perguntou:
- Por que continuas exaltando as virtudes e condenando os vícios? Não vês que ninguém aqui te escuta?
- No começo, eu esperava transformar as pessoas – disse o Profeta. – Se ainda hoje continuo pregando, é apenas para impedir que as pessoas me transformem.”



“Disse Rabi Yeshua MiNetzeret:
Se não jejuardes em relação ao mundo, não encontrareis o Reino. Se não celebrardes o Shabat como um Shabat, não vereis o Pai.”



“A seguinte oração foi encontrada entre os pertences pessoais de um judeu, morto num campo de concentração:
Senhor: quando vieres na Tua Glória, não Te lembres apenas dos homens de boa vontade; lembra-Te também dos homens de má vontade.
E no Dia do Julgamento, não Te lembres apenas das crueldades, sevícias, e violências que eles praticaram: Lembra-Te dos frutos que produzimos por causa do eles nos fizeram. Lembra-Te da paciência, da coragem, da confraternização, da grandeza de alma e da fidelidade, que nossos carrascos terminaram por despertar em nossas almas.
Permite então, Senhor, que os frutos Poe nós produzidos possam servir para salvar as almas dos homens de má vontade.”



“Disse Rabi Yeshua MiNetzeret:
Eu sempre quis vos falar, porém, vós não quiserdes me ouvir. Agora, vós quereis me ouvir, mas eu já não posso mais vos falar.”



“Certo dia, um gentio caminhava com seu amigo judeu. Subitamente ele pergunta para o judeu:
- Olha, me disseram que os judeus só respondem uma pergunta com outra. Isso é verdade?
- Quem te disse essa besteira? – perguntou o judeu.


Fontes:
As Escrituras Sagradas – Tradução de João Ferreira de Almeida.
O Evangélho de Tomé – traduzido e comentado por; Jean-Yves Leloup.
Hitórias de pais para filhos – Paulo coelho.

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