Quando Realmente Ele Nasceu?!
Muito se especula sobre a Vida, a Obra, Morte e Ressurreição do Rabi Yeshua MiNetzeret HaMashiach. Porém, convenhamos; não se especula muito sobre o seu nascimento. Isso se dá porque a Igreja Católica Apostólica Romana que dominou o mundo por mais de meio milênio, acabou por “inculcar no inconsciente da humanidade” suas ideologias, sem fundamento na maioria das vezes nas Escrituras Sagradas, e para nós os judeus anussitas, é por demais difícil nos livrar dos dogmas em nós imputados a partir de nossos pais até os nossos dias por séculos. Alguns anussitas desprezam o Novo Testamento alegando que o tal não tem condições de ser considerado como parte integrante dos Livros Sagrados que compõem a Palavra de Deus, e para isso, procuram contradições nos textos do Novo Testamento a fim de fundamentar a sua reprovação (achando que assim patenteiam o seu modus vivendi judaico), pretendendo com isso atrair positivamente a atenção do rabinato israelense à sua causa (o que na prática nós estamos cansados de ver que não dá certo). Há, porém, dentre nós, os que se contentam com o que dizem, o que importa para estes na verdade é que tal idéia lhe parece confortável e com isso dá pra viver numa boa. Eu, porém, seguindo os passos de muitos outros, procuro “coerência judaica” nos textos do Novo Testamento, busco minhas pérolas nos ditos rabínicos e nas opiniões de populares oriundos de diversos ramos religiosos que alegam fundamentarem-se nas Escrituras Sagradas. Assim, colho minhas pérolas, e com elas monto o meu quebra-cabeça ao qual chamo de;
B’sorat HaQuedoshá – hvwdqh trwvb (as Boas Novas, as Santas).
As Pérolas
Uma destas “pérolas” é justamente referente ao nascimento do Rabi Yeshua MiNetzeret, que popularmente se divulga que ocorreu no dia 25 de Dezembro. Baseado nas Escrituras Sagradas e em trabalhos paralelos referentes a esse mesmo assunto pretendo aqui expor o meu parecer a fim de que mais de uma opinião venha a fazer parte do nosso cotidiano religioso. Pois, como diz um provérbio judaico: “onde há dois judeus há três opiniões.”
Pois bem, tomarei como ponto de partida, um texto que se encontra no livro de João 1:14, que diz:
traptk wtrapt hzxnw wnkwtb Nwkvyw rvb hyhn rbdhw
tmaw dox br wybal dyxy Nb
VeHadavar Niheie Bassar VeYshkon BeTokhenu VaNechezé Tif’arto KeTif’eret Bem Yachid LeAviv Rav Chessed VeEmet
“... e a Palavra se fez carne, e habitou entrenós, cheio de graça e de
Verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai ...”
O termo aqui usado no hebraico para “habitou” é literalmente “armou tenda/Suká.” Vemos que é uma referência interessante. Suká é o singular da palavra Sukot (que é o seu plural) vocábulo este utilizado pela Torá para nomear uma das três festas da peregrinação, a saber: Pessach, Sukot e Shavuot.
Um dos elementos mais importante relacionado à espiritualidade de Sukot é a Shekhiná. Em Hebreus 1:3, lemos:
yrxaw wtrwbg rbdb lk avwnw wtwvy Mluw wdwbk rhz awhw
Mymwrmb hldgh Nymyl bvy wnytajh trhj wvpnb wtve
VeHu Zohar Kevodo VeTzelem Yeshuto VeNosse Khol BiDevar Guevurato VeAcharei As’to BeNafsho Taharat HaToteinu Yashav LiMin HaGuedulá BaMeromim
“O qual, sendo o resplendor da Sua Glória, e a expressa imagem da Sua Pessoa, e sustentando todas as coisas pela Palavra do Seu Poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas...”
A palavra em destaque, “Kevodo” (a Glória Dele), refere-se à Presença Divina, nomeada pelos rabinos kabalistas de “Shekhiná”. O vocábulo “Shekhiná” não aparece nas Escrituras Sagradas, é uma transliteração da raiz hebraica "Nkv" que quer dizer: “Habitar” “Fazer Morada”, este termo é muito usado pelos Targumim (tradutores) e rabinos, e posteriormente adotado pelos cristãos. Refere-se à Glória visível de Deus - wdwbk habitando no meio do seu povo. Usa-se este vocábulo para designar a presença radiante de Deus, como vista na coluna de fogo, no Monte Sinai, no Propiciatório entre os querubins, no Tabernáculo, no Templo, etc. Shekhiná - שכינה – é designada, no judaísmo, como “a faceta da Revelação Divina aos homens”, a "Divina Presença", sendo também considerada a face "feminina" e "materna" Dele. De acordo com a tradição kabalista e do ramo hassídico do judaísmo, a Shekhiná é uma energia cósmica poderosíssima em si mesma, que habita no "interior" do Universo e vivifíca-o, sendo a sua "Alma" ou "Espírito".
A Shekhiná, como uma idéia concreta, aparece só na literatura rabínica, havendo somente "alusões" a esta Presença Divina, no meio do povo de Israel, como registrado, por exemplo, no livro de Isaias 8:18:
A Shekhiná, como uma idéia concreta, aparece só na literatura rabínica, havendo somente "alusões" a esta Presença Divina, no meio do povo de Israel, como registrado, por exemplo, no livro de Isaias 8:18:
Mytpwmlw twtal hwhy yl Ntn rva Mydlyhw ykna hnh
Nwyu rhb Nkvh twabu hwhy Mem larvyb
Hiné Anokhi VeHaYeladim Asher Nitan Li Adonai LeOtot ULeMoftim BeIsrael MeIm Adonai Tzevaot HaShokhen BeHar Tzion
“Eis-me aqui, com os filhos que me deu o Senhor, por sinais e por maravilhas em Israel, da parte do SENHOR dos Exércitos, que habita no monte de Sião.”
Mas, o que vem a ser exatamente a Shekhiná?
Embora o conceito seja bastante antigo, o termo em si “Shekhiná” é relativamente novo. A idéia da Shekhiná vem da Torá, que diz por exemplo em Êxodo 40:35:
“E era impossível a Moisés entrar na tenda de reunião, porque a nuvem pairava sobre ela, e a Glória de Deus enchia o Tabernáculo (Mishkan).”
Daí o conceito de que a Shekhiná é a materialização da Presença Divina. A Shekhiná é justamente a glória de Deus morando em meio a Criação, e está associada à continuidade da presença dEle no meio de Israel.
Na Torá, a Shekhiná é vista na forma da Coluna de Nuvem e na Coluna de Fogo que guiavam o povo pelo deserto. Depois, a Shekhiná veio a repousar sobre o Mishkan, e posteriormente sobre e dentro da Beit HaMikdash (Templo).
Em seu livro “She Who Is: The Mystery of God in Feminist Theological Discourse”, Elizabeth Johnson elabora uma comparação interessante:
“Quando o povo é humilhado, então a Shekhiná deita no pó, angustiada pelo sofrimento dos filhos de Israel. Para citar um exemplo da Mishná, se referindo à pena de morte por enforcamento: ‘Quando um ser humano sofre, o que diz a Shekhiná? ‘Minha cabeça está pesada demais para Mim. Meu braço está pesado demais para Mim.’ E se Deus fica assim entristecido com o sangue do ímpio que é derramado, quanto mais com o sangue do justo.”
Assim sendo, podemos dizer que a Shekhiná é a presença de Deus no meio de Israel, que chora, clama por Israel. A Shekhiná é o verdadeiro agente da Graça Divina no meio do povo e esse Agente da Graça (a Shekhiná) é entendido como sendo Deus conosco, que em hebraico se lê:
la wnme – Imanu El (que quer dizer; Deus conosco).
Observe que, ao contrário do que se popularizou aqui no Ocidente, o termo aqui referido, aparece em hebraico composto por duas palavras separadas, levando-nos a concluir que ao contrário do que diz o texto em português, Ele o menino, não seria chamado de Emanuel, mas a esse menino diriam Dele; é Deus conosco! É bem verdade que praticamente todos os nomes dos personagens das Escrituras Sagradas são concebidos a partir de abreviações do Nome Divino juntando-as aos Seus atributos, formando assim um só vocábulo, o que não é o caso aqui, pois, notoriamente, mesmo aqueles que não sabem hebraico poderão observar no exemplo acima duas palavras ao invés de uma.
De acordo com esse conceito, então posso dizer que a própria Presença Divina (a Shekhiná) no meio de Israel se fez carne.
A esse Fenômeno se refere o profeta Isaias, quando disse:
Nb tdlyw hrh hmleh hnh twa Mkl awh ynda Nty Nkl
la wnme wmv tarqw
Lakhen Yten Adonai Hu LaKhem Ot Hiné HaAlmá Hará VeYoledet Bem VeKarat Shemo Imanu El
“Portanto o próprio Deus vos dará um Sinal: Eis que a virgem conceberá,e dará à luz um filho,e chamarão Seu Nome Deus conosco”
(Isaias 7:14)
A Shekhiná é um termo relativamente semelhante à Ruach HaKodesh (Espírito Santo) Pois o termo “Ruach” é um termo feminino.
No Livro da Sabedoria 1:4-7 encontraremos:
“A Sabedoria não entrará na alma perversa, nem habitará no corpo sujeito ao pecado; o Espírito Santo que ensina fugirá da perfídia, afastar-se-á dos pensamentos insensatos, e a transgressão que sobrevém o repelirá. Sim, a Sabedoria é o Espírito cheio de Bondade, mas não deixará sem castigo o blasfemador pelo crime de seus lábios, porque Deus lhe sonda os rins, penetra até o fundo de seu coração, e ouve as suas palavras. Com efeito, o Espírito de Deus enche o Universo, é Ele, que tem unidas todas as coisas, ouve todas as palavras de sua língua.”
Aqui, vemos claramente a associação entre a Shekhiná e o Espírito Santo. Podemos então dizer que a presença de Deus no meio de Israel é fundamentalmente uma presença de Seus atributos femininos – que é justamente o lado de Chessed (Graça/Misericórdia). Vemos que todas as vezes em que o Eterno, bendito seja o Seu Nome, lida com Israel através de Guevurá (força/juízo), que é representado por Seus atributos masculinos, a Shekhiná é removida (doutra forma não poderia haver a punição). Assim, a dualidade do relacionamento do Eterno para com Israel pode ser observada em ambos os lados; masculino e feminino.
A Concepção de Yeshua
Klmh owdrwh ymyb hdwhy Mxl tybb ewvy dlwn rvak yhyw
rmal hmylvwry xrzm Uram Myvwgm wabyw
xrzmb wbkwk ta wnyar yk dlwn Mydwhyh Klm hya
wl twxtvhl abnw
VaYehi KaAsher Nolad Yeshua BeVeit Lechem Yehudá Bimei Hordos HaMelekh VaYavou Megushim MeEretz Mizerach Yerushalaiemá Lemor: Aié Malakh HaYehudim HaNolad? Ki Rainu Et Kokhavo BaMizerach VaNavo LeHishtachaot Lo.
“Tendo, pois, nascido Yeshua em Belém, cidade de Judá, no
Tempo do rei Herodes, eis que vieram do oriente a Jerusalém uns
sábios que perguntavam: Onde está Aquele que é nascido Rei dos
judeus? Pois do Oriente vimos a Sua Estrela e viemos adorá-lo.”
(Mateus2:1-2)
Aqui nos deparamos com aquelas três figuras simpáticas “cravadas” no nosso imaginário pela Igreja Católica através do Presépio. O curioso, é que em momento algum as Escrituras Sagradas os enumeram como sendo eles três, talvez tenham eles (os católicos) se baseado no fato do “menino Jesus” receber deles (os reis magos) três presentes, daí deduziu-se que se tratavam de três reis. Seja como for, os nomes dos reis magos (sábios místicos) que se encontram em livros apócrifos — Melkchior, Baltazar e Gaspar — são de origem oriental e todos têm a ver com realeza e poder. Melkhior do hebreu, quer dizer “rei da luz”: Baltazar, do aramaico, significa “senhores ajudem”: Gaspar é dos três o que mais possibilidades tem de se referir a um personagem real; entre os anos 19 a 65 da E.C., diz-se que viveu na Pérsia um príncipe de nome Gundofar, que significa “vencedor de tudo”, traduzido da língua persa para o aramaico transformou-se em Gasta e daí em hebraico Gaspar. A idéia da procedência persa dos magos influenciou até as roupas com que aparecem representados: chapéu redondo na cabeça, camisa curta presa por um cinturão, calças estreitas e uma capa por cima. Exatamente como os reis persas se vestiam.
O texto acima nos mostra um fato bastante curioso. Na ocasião do nascimento de Yeshua, vemos que os sábios do oriente (rabinos kabalistas que ainda viviam na Galut – Diáspora na Babilônia) reconheceram “a Sua Estrela” e vieram adorá-Lo.
Ora, a grande questão que fica para nós, e que é passível de investigação é: Como foi que esses rabinos foram capazes de reconhecer o evento do nascimento do Mashiach? Se eles dispunham dos mesmos recursos que nós (Fé em Deus e na Sua Torá), então nós também temos que ser capazes de chegar à mesma conclusão que eles. A questão é; como?!
Foi por causa de questões semelhantes a essa que Shaul HaShaliach escreveu em Gálatas 3: 24:
Neml xyvmh la wntwa tnma htyh hrwth Nkbw
hnwmah ydy le qdun
UVeKhen HaTorá Hayetá Omenet Otanu Al HaMashiach LeMaan Nitzedaq Al Yedei HaEmuná
“Portanto, a Torá tem sido FIEL conosco ao conduzir-nos ao Mashiach para que viéssemos a sermos justificados pela Fé”
Por natureza, os místicos rabinos da Pérsia, sabiam que o Salvador do Mundo viria dentre os israelitas, por causa do dito de Moisés nosso rabi, quando este disse: “O Eterno há de levantar no meio de vossos irmãos um Profeta semelhante a Mim, a Ele ouvi...”. Sabiam que tinha que observar um Sinal; era uma virgem que conceberia sem ser tocada por homem algum, conceberia do Sopro Sagrado, assim como a Terra concebeu a Adão do mesmo Sopro. Porém, duas questões se apresentaram um tanto enigmáticas para eles; como iriam saber o tempo ou época em que essa jovem conceberia e quem lhes mostraria quem seria ela dentre todas as jovens israelenses?
Suas questões foram paulatinamente sendo resolvidas mediante uma minuciosa leitura Sod (oculta) da Torá aplicando a essa leitura um Remez (comparando texto com texto), daí chegaram às seguintes conclusões: Para se saber a época teriam que observar a profecia de Gabriel dada ao Profeta Daniel que relata a fórmula para identificar a época em que o Messias surgiria (Daniel 9:24-26). E quanto a quem lhes guiaria até a jovem com o menino, só lhes restaram os astros celestes, pois a estes Deus deu ao Mundo como sinais nos Céus para discernimento dos tempos (os místicos bem sabem disso).
A principal dificuldade que os sábios encontraram foi a de determinar a época exata do ano em que Mashiach nasceria. Afinal, diversos dos Moadim poderiam se encaixar no acontecimento do nascimento do Mashiach. Para nós, geração que já presenciou os fatos ocorridos, é muito mais fácil atribuirmos cada Chag (festa) a uma determinada época, ou missão a ser cumprida pelo Mashiach. Porém, imagine-se tentando fazer isso antes da vinda do Mashiach.
Observe que na narrativa, os sábios mencionam terem visto a estrela do Mashiach. Uma estrela é um “Ot”, isto é, um Sinal, segundo a própria leitura de Gênesis 1:14-15. Mas, afinal, que sinal esperavam os sábios? Como é que eles reconheceram que uma estrela indicaria o Mashiach?
Uma velha canção da tradição judaica, em ladino, dá uma dica:
“Cuando el Rey Nimrod al campo salía miraba en el cielo y en la
Estrellería vido una luz santa en la judería que había de nacer
Abraham Avinu. ...”
“Quando o rei Nimrod ao campo saía
olhava para o céu e nas estrelas viu uma Luz Santa na região judaica,
pois havia de nascer Avraham, nosso pai. ...”
Aqui o nascimento de Abraão é tomado por Deus como um evento de grande importância, de modo que Ele envia uma estrela como Mensageiro afim de anunciar ao Mundo o nascimento de Avraham Avinu. Assim como Avraham, Yeshua também mudou o conceito popular do Divino no Mundo inteiro, de modo que; se Avraham é chamado de o Pai da Fé Monoteista, como homem, Yeshua deve ser visto como o “Reformulador” dessa Fé, que sob Sua Ótica, agora grandes e pequenos podem ser beneficiados com as Riquezas Espirituais reservadas até aquele tempo para uma minoria de estudiosos (se comparado com a esmagadora maioria de israelenses que não podiam parar de trabalhar para estudar a Torá por causa da opressão estrangeira, a qual Israel esteve sujeito, como está até o dia de hoje).
Ora, mas de onde extraíram essa canção? A resposta está em um antigo livro hebreu, que por muito tempo foi dado como perdido, até ser encontrado em uma Yeshivá na Espanha. O Sefer HaYashar, que é mencionado nas Escrituras Sagradas no livro de Josué 10:13, que diz:
hbwtk ayh alh wybya ywg Mqy de dme xryw vmvh Mdyw
Ua alw Mymvh yuxb vmvh dmeyw rvyh rpo le
Mymt Mwyk awbl
VaIdom HaShemesh VeYareach Amad Ad Yqom Goi Oyevav Halo Hi Khetuvá Al Sefer HaYashar? VaYamod HaShemesh BaChatzi HaShamaim VeLo Atz Lavo KaYom Tamim.
“... e o Sol e a Lua pararam até que o povo se vingou de inimigos. Não está isto escrito no Livro dos Justos? Parou pois o Sol no meio do Céu, e não se apressou a pôr-se durante o espaço de um dia.”
Reparem no relato que é dado acerca do nascimento de Avraham:
“E foi na noite em que Avram nasceu que todos os servos de Terach
e todos os sábios de Nimrod e os seus magos vieram e comeram e
beberam na casa de Terach, e eles se alegraram com ele naquela
noite. E sucedeu que todos os sábios e magos saíram da casa de
Terach, e ergueram seus olhos em direção ao céu naquela noite para
Olharem as estrelas, e eles viram, e eis que uma grande estrela vinha
do leste e corria nos céus, e ela engoliu quatro estrelas dos quatro
cantos dos céus.”
(Yashar 8:1-2)
Os místicos rabinos somaram a isso o dito da Torá que profetiza:
“Vê-lo-ei, mas não agora, contemplá-lo-ei, mas não de perto; uma
Estrela procederá de Jacó e um Cetro subirá de Israel, que ferirá
os termos dos moabitas, e destruirá todos os filhos de Shet.”
(Números 24:17)
O Targum Yerushalmi interpreta da seguinte forma esse versículo:
“Vê-Lo-ei, mas não agora. Contemplá-Lo-ei, mas Ele não está
próximo. Quando o poderoso Rei da Casa de Ya’akov reinar, e o
Mashiach, o Poder-cetro de Israel for ungido, Ele matará os príncipes
dos moabitas, e reduzirá a nada todos os filhos de Shet.”
Já o Targum Onkelos interpreta da seguinte maneira:
“Vê-Lo-ei, mas não agora. Contemplá-Lo-ei, mas não está próximo.
Quando um Rei se levantar de Ya'akov, e oMashiach for ungido de
Israel, Ele matará os príncipes de Moav, e reinará sobre todos os
filhos dos homens."
Vemos que se trata de uma profecia messiânica, no entendimento dos
sábios judeus da antigüidade.
Portanto, é absolutamente natural que os sábios daquela época estivessem à procura de sinais nas estrelas, que pudessem identificar o Mashiach. Ao se depararem com uma estrela, de forma semelhante ao ocorrido com Avraham, certamente entenderam que se tratava do Mashiach.
No Livro de Chanoch, que se ocupa de descrever a mecânica celeste, é dito que:
"E o seu circuito é como o circuito do Céu, e a sua carruagem na
qual monta é conduzida pelo Vento, e uma medida de Luz lhe é dada."
(Chanoch 73:2)
Observe, que aqui também se faz uma associação do Espírito Santo (Vento que no Hebraico é o mesmo que Espírito) e a presença Divina (Shekhiná – “Carruagem”), e a essa associação ainda lhe é acrescentada uma medida de Luz.
Há muitas festas judaicas, todas elas tem o seu significado profético, e todas elas de uma certa forma aponta para a Redenção do Mundo, e tal Redenção se torna impossível sem o Messias. Pois, bem; qual é a festa judaica onde estão intimamente relacionados; a Shekhiná (Presença Divina), o Espírito Santo (que é sempre representado pelo fogo) em torno da Luz visível de uma vela? Quem disse Chanuká acertou.
Chag Chanuká a Festa das Luzes
O principal objetivo da festa Chanuká é fazer-nos lembrar de que existe uma necessidade periódica de rededicar as nossas habitações a Deus, a fim de que a Shekhiná (que não habita em lugares profanos) não venha a se afastar de nós, e assim, nos desamparar da proteção Divina. Pois foi isso que aconteceu na época dos Macabeus, os gregos tinham conspurcado o Templo e a Shekhiná havia se afastado de lá, daí foi necessário que houvesse uma rededicação do Templo a fim de que o mesmo viesse a ser novamente a morada do Espírito Santo cuja Presença só é sentida através da Shekhiná.
Em Chanuká, não se deve acender uma vela a partir do fogo da outra vela vizinha, para isso se usa um Shamash (uma vela auxiliar), é como se pudéssemos sentir que o Shamash representa um personagem importante e para compor a espiritualidade imanente em Chanuká e as demais oito velas formassem juntas um outro personagem, pois, haveremos de convir que o número oito na Kabalá representa uma Obra Material Perfeita (Eterna), o que a princípio soa estranho, pois, como pode haver Perfeição num Mundo corrompido? Pois é, tal Obra não seria possível aqui se não por Milagre.
A primeira evidencia para associar o nascimento do Rabi Yeshua a uma festa descrita na Torá encontra-se no livro das Boas Novas as Santas de João (como veremos mais adiante), e tal evidencia aponta para a festa de Sukot, a festa das cabanas, onde nós os judeus temos como mandamento por essa época sair de nossas casas e habitar em cabanas por oito dias, observe; oito dias, o mesmo número de velas da Chanukiá, que tem suas chamas acessas depois de se acender a chama do Shamash. Se pelas palavras de João pudemos encontrar um Remez (comparação) de que Yeshua Rabeinu teria nascido na época da festa de Sukot, também temos outra passagem no mesmo livro que indica que, de fato, Rabi Yeshua foi concebido à época da festa de Chanuká:
Mdah ynb rwa wyh Myyxhw Myyx wyh wb
wgyvh al Kvxhw xrz Kvxb rwahw
Nnxwy wmvw Myhlah tam xwlv vya yhyw
Mlk wnmay Neml rwah le dyehl twdel ab awh
rwah le dyehl Ma yk rwah hyh al awh wdy le
Mlweh la ab hyh Mda lkl ryamh ytmah rwah
Bo Haiu Chaym VeHaChaym Haiu Or Bnei HaAdam VeHaOr BaChoshekh Zarach VeHaChoshekh Lo Hisgu VaYehi Ish Shaluach Meet HaElohim UShemo Yochanan Hu Ba LeEdut LeHaid Al HaOr Lemaan Yaaminu Khulam Al Yado Hu lo Hayá HaOr Ki Im Lehaid Al HaOr HaOr HaAmiti HaMeir LeKhol Adam Hayá Ba El HaOlam
“Nele estava a Vida, e a Vida era a Luz dos homens; e a Luz
resplandeceu nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela.
Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João. Este
Homem veio como uma testemunha, a fim de dar testemunho da Luz,
Para que todos cressem por meio dele. Ele não era a Luz, mas veio
Para dar testemunho da Luz. Pois era a Luz da Verdade, que ilumina a
todo homem que vem ao mundo.”
(João1:4-9)
A temática desse trecho de João é exatamente a mesma de Chanuká, onde vemos associado o conceito de Vida com Luz (ambos sendo a mesma coisa). Chanuká, a festa das luzes, é uma festa que celebra o Milagre da Luz que emana de Deus, é por tanto, a festa da Vida, da concepção. Em Chanuká, o “Shamash” é usado para acender as velas da Chanukiá que representam juntas um só personagem; Aquele que traz a Vida ao Mundo em forma de Luz, portanto, o Shamash que também brilha, na Verdade não é ele a Luz, mas vem primeiro a fim de apresentá-la ao Mundo através da Chanukia que fica exposta nas janelas das casa judias durante o período da festa para que todos os que passarem por ali possam se beneficiar da mesma Benção da Luz de Chanuká. Portanto, o Shamash é semelhante ao Profeta Elias; não é ele o Messias, porém, vem antes para apresentá-lo ao Mundo como a Verdadeira Luz de Chanuká.
Um dos elementos presentes em Chanuká é a narrativa da Meguilat Yehudit (história de Judite). Yehudit foi uma heroína nos tempos dos Macabeus, que conseguiu derrotar um grande general. A história foi transmitida durante o período de dominação de Antíoco Epifânio, é possível identificá-lo utilizando-se da Guematria que foi usada para ocultar o seu nome, de modo que sua circulação fosse possível - algo semelhante ao que fez João ao mencionar em Apocalipse o Reino de Babilônia, numa clara alusão a Roma.
O interessante é que a Meguilat Yehudit é narrada, nos meios judaicos tradicionais, no dia da lua nova do décimo mês, no dia conhecido como Chag HaBanot, ou, a "Festa das Filhas." Isto é relatado, inclusive no próprio livro de Yehudit, que diz:
"O aniversário de sua vitória foi posto pelos hebreus no número dos dias Kedoshim, e ainda hoje é celebrado pelos judeus."
(Judite 16:27)
Contudo, as datas de Chanuká, sabe-se, foram fixadas por Yehudá Macabi (Judá Macabeu) no dia 25 do nono mês, em data coincidente à que Antíoco Epifânio havia profanado o Beit HaMikdash (Templo.) Assim sendo, como a história de Yehudit estava intimamente ligada à revolta dos Macabeus e aos eventos de Chanuká, e como certamente serviu de grande inspiração, tendo circulado àquela época de modo a fortalecer os espíritos daqueles que lutavam contra o Helenismo, então a celebração de Yehudit passou a ser feita na lua nova do décimo mês, dentro de Chanuká (de acordo com o calendário religioso).
Essa data não foi escolhida à toa. Remonta a alguns costumes antigos. Segundo Jill Hammer, em sua obra acerca de Chag HaBanot para o "Ritual Well", a data de Rosh Chodesh (lua nova) sempre foi uma data de celebração efetivamente feminina. De fato, segundo a tradição judaica - e a Enciclopédia Judaica cita diversas fontes talmúdicas que lidam com a questão (Yer. Pes. iv. 30d; Pirke R. El. xlv.; Tur, Orah hayyim, 917.) A explicação dada é a de que as mulheres teriam se negado a participar no episódio do bezerro de ouro. Jill Hammer cita ainda uma série de costumes, essencialmente em regiões de influência Sefaradi e Mizrahi, tais como a Algéria, Líbia, Tunísia e Marrocos, que são praticados em Chag HaBanot. Algumas tradições listamos aqui:
- Mulheres iam à sinagoga e tocavam a Torá;
- Mulheres oravam pela saúde de suas filhas;
- Mães davam presentes para suas filhas;
- Noivos davam presentes para suas noivas;
- As mulheres se reuniam para danças (às vezes, faziam até fogueiras,
por ser o festival das luzes);
Além disso, temos alguns outros costumes talmúdicos, tais como tomar das refeições de rabinos para darem às suas filhas por proteção, entre outras coisas. Isso, evidentemente, além dos costumes associados à própria comemoração pela vitória de Yehudit.
Veja o que propõe Jill Hammer:
"... Use sua Chanukiá, sua Menorá de Chanuká, ou use uma segunda
Menorá especial para a festa, e peça a todos os membros da sua
família para tomarem parte no acendimento das velas:
- Acenda a primeira vela em honra de Yehudit e todas as heróicas
mulheres judias através da história.
- Acenda a segunda vela em honra das mulheres heróicas que você
admira (cite nomes.)
- Acenda a terceira vela em honra das mulheres professoras e líderes
espirituais que você conhece (novamente, cite nomes, inclusive
parentes e amigos.)
- Acenda a quarta vela em honra das mães e avós judias, inclusive a
sua.
- Acenda a quinta vela em honra de todas as meninas judias.
- Acenda a sexta vela em honra da sua família.
- Acenda a sétima vela em honra da Shekhiná, a Presença do Eterno
que habita em cada pessoa (na tradição da mística judaica, a
Shekhiná é descrita como feminina.)"
Jill Hammer ainda propõe uma interessante bênção alternativa para o acendimento das velas. Ao invés do tradicional "Baruch Atá Adonai Eloheinu Melech HaOlam" (Bendito sejas Tu Eterno nosso Deus, Rei do Universo), ele recomenda essa: "Bruchá At Yah Mekor HaChayim" (Bendita sejas Tu Yah Fonte da Vida).
Não é objetivo desse artigo entrar nessa discussão de; se deve ou não trocar a prece de Chanuká, mas apenas ressaltar como Chag HaBanot que acontecia durante o período de Chanuká está diretamente associado à Shekhiná que é o Espírito Santo, isto é, aos atributos femininos de Deus (pois como já vimos; a palavra para Espírito em Hebraico é do gênero feminino) –fato esse reconhecido por diversos grupos judaicos ao longo da história. Tanto pelos judeus antigos, quanto modernos.
Um dos pontos mais impressionantes que fazem conexão entre a Shekhiná, o Mashiach e a época de Chanuká que foi preservado pelos judeus marroquinos, e é citado pela revista Morashá de Dez/2007 no artigo "Chanuká através do mundo", o qual cito aqui na sua íntegra:
"Marrocos. No primeiro dia, após os oito da festa, era costume entre os judeus marroquinos festejar o "Dia do Shamash". As crianças iam de casa em casa recolhendo restos de velas de Chanuká, que utilizavam para fazer grandes fogueiras, ao redor da qual dançavam e cantavam. Muitos saltavam por cima do fogo, pois acreditavam ser uma Segulá: no caso de jovens solteiras, o objetivo era ajudá-las a encontrar seu futuro marido; e, para as casadas sem filhos, não tardassem a engravidar."
Neste trecho vemos associado a figura do Shamash de Chanuká à concepção de família, de fertilidade. O Shamash está intimamente ligado à figura do Mensageiro que anuncia a Luz (ou Revelação) do Mashiach, e já vimos aqui a associação da Luz com a Vida e com o Espírito que são no final das contas a mesma Presença Divina; a Shekhiná. Já a menção a mulheres solteiras também ressalta o elemento feminino da festa (característica própria da festa de Chanuká). Vale, inclusive, mencionar que esse "Dia do Shamash" é equivalente a antiga Chag HaBanot, que invariavelmente ocorria ao final da festa de Chanuká - pois coincide com Rosh Chodesh Tevet. Como Chanuká começa no dia 25 de Kislev, e os meses lunares costumam ter de 27 a 30 dias (mais comumente, 29 a 30), então as datas mais prováveis para Chag HaBanot são no sexto ou no sétimo dia de Chanuká. Assim sendo, é bem provável que o "Dia do Shamash" do Judaísmo Marroquino e Chag HaBanot fossem uma só comemoração.
É possível que haja uma relação entre o repouso das mulheres em Rosh Chodesh e a questão de Chag HaBanot. Uma evidência citada pela revista Morashá está no fato de que as mulheres na Síria têm por hábito não trabalharem enquanto as luzes de Chanuká ainda estão acesas. Isso nos traz à memória os cuidados que as mulheres devem ter ao fazerem esforços quando estão gestantes.
O rabino Yossef Chaim, conhecido como Ben Ish Chai (devido a obra de Halakhá homônima realizada por ele), um proeminente Sefaradi do século XIX, e seus seguidores tinham por hábito acender uma vela adicional, à parte da Hanukiá, em Rosh Chodesh Tevet, em alusão à presença da Shekhiná.
Segundo Lynn Gottlieb, no seu livro "She Who Dwells Within", a Shekhiná governa sobre o ciclo do calendário. A Shekhiná governa sobre a Lua. Em sendo a Shekhiná o aspecto feminino de Deus, não é difícil de entendermos o porquê do ciclo menstrual da mulher estar totalmente relacionado às fases da lua. De fato, o ciclo feminino tem, em média, a mesma duração que o mês lunar, e pode até mesmo ser influenciado por ele.
O princípio do ciclo lunar é a lua nova. Diversas culturas têm associado a Lua Nova à fertilidade. Lembremos que em um dado momento, toda a terra tinha a revelação de Deus, independente do povo ou de sua religião, aqui no Nordeste por exemplo, até o dia de hoje os agricultores e criadores de animais regem o tempo de sua produção pelo ciclo da Lua. Aqui mostra-se claro a influência da Shekhiná sobre a Lua, e a influência da Lua sobre a concepção de filhos, fertilidade, reprodução.
Todos os elementos da tradição judaica e da misteriosa festa de Chag HaBanot indicam que essa associação da Shekhiná com a Lua faz parte da estrutura espiritual de Chanuká, o que lhe confere esse caráter feminino à festa.
Na Kabalá também encontramos elementos que associam a Shekhiná, a Lua e o Mashiach.
A. E. Waite em seu livro “The Holy Kabbalah”, estabelece alguns paralelos interessantes. Segundo A. E. Waite:
“...o Espírito de Deus que pairava sobre a face das Águas é algumas vezes considerado como sendo o Espírito do Messias, que lavou Suas vestes no Vinho Celestial desde a criação do mundo... mas também deve ser notado que a Shekhiná também é simbolizada pela Lua, e isso levou a uma precária e de fato impossível identificação do Messias como a Shekhiná encarnada.”
Evidentemente que o autor, dada sua conexão com o Judaísmo tradicional, se escandaliza com uma identificação nos primórdios do Judaísmo entre a Shekhiná e o Mashiach encarnado.
A idéia da Shekhiná ser simbolizada pela Lua também é freqüente no Zohar. Ao comentar a escolha de Josué para liderar o povo de Israel, o Zohar comenta que:
“Porque ele era para Moshe assim como a Lua é para o Sol. A Lua simboliza a Shekhiná e Josué partilha desse simbolismo.”
O Sol por sua vez, sempre foi associado à figura de Deus, e o Eterno chamou a Moisés de Deus, mais tarde Ele envia o Seu Salvador através da mão de Moisés para guiar-nos pelo Deserto, e a Luz de Deus estava em Seu Salvador assim como a Luz do Sol está sobre a Lua.
Já relacionamos a Shekhiná com a Lua e ambas com a fertilidade. E a fertilidade está intrinsecamente associada ao Espírito de Deus. Afinal, é o Espírito de Deus que dá a Vida (é justamente por isso que Ele é chamado de Espírito Santo). Quando o Eterno quis dar a Vida ao homem, a Torá nos diz:
"O Eterno Deus formou, pois, o homem do barro da terra, e inspirou-lhe nas narinas um Sopro [Espírito] de Vida e o homem se tornou um ser vivente."
(Gênesis 2:7)
Ou seja, a ação do Espírito é justamente o que leva à Vida. Assim sendo, a fertilidade, a capacidade de ter filhos, está intimamente ligada à ação do Espírito santo de Deus.
Na tradição judaica temos duas datas ligadas à fertilidade de forma bastante forte: Chag Sukot e Chag HaBanot. São justamente essas as duas épocas envolvidas nas evidências sobre a concepção e o nascimento do Mashiach - dois momentos em que a ação do Espírito, a Vida de Deus, se faz mais presente. Chag Sukot e Chag HaBanot são dois momentos em que a Shekhiná se manifesta de forma mais poderosa na criação.
Certamente que esses costumes que se originaram ao redor dessas duas festas tem a ver com um conhecimento e sabedoria milenares do povo de Israel acerca da forma como a Shekhiná se manifesta.
Mishkan
O Mishkan (Tabernáculo) seria um local para que se manifestasse fisicamente a Shekhiná. Como vimos, a Shekhiná se refere ao aspecto feminino do Eterno, assim como o termo "Ruach HaKodesh." Segundo ainda a tradição judaica, a conclusão do Mishkan se deu no dia 25 do nono mês (posteriormente chamado de Kislev), mas o mesmo só foi efetivamente erguido para suas atividades em Aviv (primeiro mês do calendário religioso). Portanto, observe; o Local Eleito pela Shekhiná habitar nele foi concluído exatamente no dia em que séculos no futuro se comemoraria a festa de Chanuká. A festa das luzes, da fertilidade, das mulheres.
Segundo o professor I. Leibowitz, citando o comentário Haamek Davar, do Rav. Naftali Zvi Yehuda Berlin, em Shemot 39:32, o povo esperava que em breve a Shekhiná fosse habitar no meio deles. Isso os teria levado a fazer um esforço sobre humano para concluir o Mishkan ainda em Kislev. E todos ficaram surpresos pelo fato do serviço no Mishkan só ter se iniciado em Aviv.
Posteriormente, segundo os sábios, a situação foi "corrigida" quando o Beit HaMikdash (Templo) foi rededicado ao final do nono mês, início do décimo mês. Contudo, por que será que os rabinos do Talmud entendiam que "a situação fora corrigida?" Isso mais uma vez reforça a idéia de que o esperado era que a Shekhiná tivesse vindo habitar o Mishkan (Tabernáculo) naquela época. Daí se deduz que: A shekhiná sempre procurou uma Casa/um Tabernáculo/um Corpo para habitar com os homens aqui na terra. Que inclusive é isso que nos é prometido no Olam HaBá; viver com Deus pessoalmente aqui no plano material.
Juntando todos esses elementos, percebemos que tanto em Sukot quanto em Chag HaBanot, a presença da Shekhiná se fazia mais forte na Criação.
Isso está por trás dos atributos femininos e de fertilidade dessas comemorações. Mas, de onde teriam aprendido tais coisas?
O segredo dos Moadim foi primeiro revelado a Chanoch (Enoque). Segundo ainda a tradição judaica, Moshe (Moisés) também conhecia os segredos dos Moadim assim como antes dele, Avraham (segundo Flávio Josefo) reconhece a Deus olhando para os Astros do Céu. Sobre isso, Chanoch afirma:
“E o anjo Micha'el, um dos chefes dos anjos, me tomou por minha destra, e me ergueu, e me conduziu para todos os segredos da Misericórdia, e me mostrou todos os segredos da Justiça. E ele me mostrou todos os segredos dos confins do Céu, e todas as câmaras de todas as estrelas, e todas as luminárias, de onde procedem perante a Face dos santos.”
(Chanoch71:3-4)
Observem que Chanoch revela que os segredos da Justiça (que, evidentemente, estão relacionados à redenção no Mashiach – aliás, o próprio Chanoch deixa isso claro) estão associados às luminárias celestiais. Mas, por que? A resposta, como vimos no princípio desta obra, está nos Moadim, as festas são apontadas pelo Eterno por meio dos corpos celestes, e que identificam a obra do Mashiach.
Como o Mashiach foi a própria Shekhiná que formou uma vida no útero de uma mulher, então podemos ver que justamente os momentos em que a Shekhiná se faz mias presente nos Moadim foram aqueles escolhidos pelo o Eterno para as ocasiões da concepção e do nascimento de Yeshua Rabeinu.
Conclusão
Voltando às perguntas iniciais, podemos concluir que os sábios rabinos do Oriente sabiam que Chag HaBanot e Sukot representavam momentos em que a Shekhiná habitaria de forma mais forte na Criação.
Considerando a cronologia dos eventos, uma vez que a distância maior entre as duas festas (Sukot e Chanuká/Chag HaBanot) só corresponde ao período de uma gestação se a concepção for em Chag HaBanot, não é difícil percebermos que eles estariam com os olhos fitos em Sukot como uma possível data do nascimento de Yeshua Rabeinu.
Assim sendo, Yeshua foi concebido na lua nova do período de Chanuká, em ocasião da festa conhecida na tradição judaica como Chag HaBanot (Festa das Filhas) – devido à forte presença da Shekhiná nessa época. Cerca de nove meses depois, Yeshua teria nascido, em Shemini Atseret, no oitavo dia da festa de Sukot. Portanto, Yeshua Rabeinu nasceu no dia 22 de Tishrei (que acontece entre Setembro e Outubro do calendário greco-romano).
Fontes bibliográficas:
· Torá a Lei de Moisés – Meir Matzliah Melamed – Editora Sefer.
· O Mashiach e a Shekhiná - Por Sha’ul Bentsion Ben David – Centro Torá Viva.
· Yeshua Nasceu no Natal? - Por James Scott Trimm - Traduzido e adaptado por Romach Ben Tsabar.
· Trinirian Bible Society – Tyndale House, Dorsen Road London, SW19 3NN, England – With the assistance of the Gereformeerde Bijbelstichting Nijverheldstraat 21, postbus 168 4140 ad Leerdam the Netherlands.
· Bíblia de referencia Thompson – João Ferreira de Almeida – Editora Vida.
· Bíblia Sagrada – Padre Matos Soares – Edições Paulinas – 1932.