Tendo
isso em mente, o fato de Paulo ser judeu me ajudou a encontrar um “norte” para
essa questão, provavelmente Paulo acessou a Tradição...
Paulo era um
Judeu Religioso
“Quanto a mim, sou judeu, nascido em Tarso
da Cilícia, e nesta cidade criado aos pés de Gamaliel, instruído conforme a
verdade da Lei de nossos Pais, zelador de Deus, como todos vós hoje sois.”
(Atos 22:3)
Como
judeu (segundo a sua própria declaração), Paulo teria percorrido
intelectualmente o mesmo “caminho judaico de resolução de problemas doutrinais”
que qualquer judeu estudioso percorreria. Tendo isso em mente, posso tomar como
exemplo; a questão relativa ao véu, perceba que não há explicitamente um
mandamento que exija o uso do véu em toda a Lei, e mesmo assim Paulo assevera
que toda mulher piedosa deve usar veú (1 Coríntios 11:5), a fonte onde ele
encontra tal observação que lhe confere peso de Lei, se encontra em um Midrash
(em grego se chamaria parábola) – Parte da Tradição Judaica - sobre Eva à
partir de Gênesis 3:16, que conta:
“E disse Deus: ... e como apagaste a luz do
homem terás que acendê-la todo o dia sexto à tarde e porás o véu em sinal de
submissão a ele.”
Fonte: R. Louis
Ginzberg de 1873 a 1953
Jesus e a
Tradição
Por
outro lado, apesar de Paulo ter sido judeu, é fato o esforço que fez no
decorrer de seu trabalho pela expansão da religião como ele concebeu pela
anulação dos valores da Lei em prol da Graça e das “tradições dos homens” em
prol das tradições apostólicas (1 Coríntios 11:2 / 2 Tessalonicenses 2:15), e
portanto, outra pergunta surge aqui: “O que fez Paulo pensar que a Tradição
Apostólica é digna de prestigio espiritual e a Tradição Judaica como um todo
não? E é ainda mais curiosa essa distinção que Paulo faz entre Tradição e
Tradição quando observamos a postura de Rabi Yeshua em relção à Tradição:
“Então chegaram ao pé de Jesus uns escribas
e fariseus de Jerusalém, dizendo: Por que transgridem os teus discípulos a tradição
dos anciãos? pois não lavam as mãos quando comem pão. Ele, porém, respondendo,
disse-lhes: Por que transgredis vós, também, o Mandamento de Deus pela vossa
tradição? Porque Deus Ordenou, dizendo: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem
maldisser ao pai ou à mãe, certamente morrerá.
Mas vós dizeis: Qualquer que disser ao pai ou à mãe: É oferta ao Senhor o que
poderias aproveitar de mim; esse não precisa honrar nem a seu pai nem a sua
mãe, e assim invalidastes, pela vossa tradição, o mandamento de Deus. Hipócritas,
bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo:
Este povo se aproxima de mim com a sua boca e me honra com os seus lábios, mas
o seu coração está longe de mim. Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que
são preceitos dos homens.”
(Mateus 15:1-9)
Ora, se Rabi Yeshua claramente se posicionou “contra”
a Tradição, porque Paulo tomaria uma postura contrária? Pois, como vimos, Paulo
aconselhou que os fiéis não se desviassem da Tradição dos Apóstolos (2
Tessalonicenses 2:15).
No
entanto, se o leitor da Bíblia lê-la com honestidade se admirará com a postura
aparentemente contraditória de Rabi Yeshua quando outra declaração em relação a
Tradição é observada e comparada com a declaração supracitada:
“Então falou Jesus à multidão, e aos seus
discípulos, dizendo: Na Cadeira de Moisés estão assentados os escribas e
fariseus. Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e
fazei-as; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e
não fazem...”
(Mateus 23:1-3)
A Cadeira de Moisés mencionada no texto é para Rabi
Yeshua um posto de autoridade político e religioso genuíno, reconhecido por
Deus e reverenciado pelos crentes (doutra forma Rabi Yeshua não sujeitaria a
população a uma falsa autoridade), a estranhesa de sua postura se evidencia no
fato de que na passagem bíblica anterior Rabi Yeshua se posicionou claramente
contra, enquanto agora ele se posiciona a favor da Tradição, pois, a Cadeira de
Moisés não é uma instituição bíblica, a Cadeira de Moisés é uma instituição da
Tradição.
A Torá e a
Tradição
Se a
postura conbtrária à Tradição por parte de Rabi Yeshua na primeira citação (Mateus15:1-9)
é embaraçosa para Paulo e os demais que lhe deram ouvidos, a sua postura a
favor na segunda citação (Mateus 23:1-3) não é apenas armoniosa com a opinião
dos adéptos da Tradição quanto coaduna com a opinião da Torá em relação a
Canonização da Tradição investindu-a com autoridade Divina, como Está Escrito:
“Quando alguma coisa te for difícil demais
em juízo, ...então te levantarás, e subirás ao lugar que escolher o Senhor teu
Deus; ...e ao juiz que houver naqueles dias, e inquirirás, e te anunciarão a
sentença do juízo. ...e terás cuidado de fazer conforme a tudo o que te
ensinarem. ...da palavra que te anunciarem te não desviarás, nem para a direita
nem para a esquerda. O homem, pois, que se houver soberbamente, não dando
ouvidos ao ... juiz, esse homem morrerá; e tirarás o mal de Israel; para que
todo o povo o ouça, e tema, e nunca mais se ensoberbeça.”
(Deuteronômio 17:8-13)
Ora,
se a própria Torá confere a Tradição Judaica o peso de Lei, nada mais sensato
do que levar isto adiante e assim concordam Paulo (2 Tessalonicenses 2:15) e
Rabi Yeshua na segunda citação bíblica (Mateus 23:1-3) e mais, ele também
confere a livros bíblicos o peso de Lei quando tais livros na verdade é parte
do compêndio que para o Judaísmo está elencado na Tradição Antiga como é o caso do Livros dos Salmos, como está
escrito:
“Eu e o Pai somos Um. Os judeus pegaram
então outra vez em pedras para o apedrejar. Respondeu-lhes Jesus: Tenho-vos
mostrado muitas obras boas procedentes de meu Pai; por qual destas obras me
apedrejais? Os judeus responderam, dizendo-lhe: Não te apedrejamos por alguma
obra boa, mas pela blasfêmia; porque, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo.
Respondeu-lhes Jesus: Não está escrito na vossa Lei: Eu disse: Sois deuses? Pois,
se a Lei chamou deuses àqueles a quem a Palavra de Deus foi dirigida, e a
Escritura não pode ser anulada, quele a quem o Pai santificou, e enviou ao
mundo, vós dizeis: Blasfemas, porque disse: Sou Filho de Deus? Se não faço as
obras de meu Pai, não me acrediteis. Mas, se as faço, e não credes em mim,
crede nas obras; para que conheçais e acrediteis que o Pai está em mim e eu Nele.”
(João 10:30-38)
“Deus está na Congregação dos Poderosos;
julga no meio dos deuses. Até quando julgareis injustamente, e aceitareis as
pessoas dos ímpios? (Selá.) Fazei justiça ao pobre e ao órfão; justificai o
aflito e o necessitado. Livrai o pobre e o necessitado; tirai-os das mãos dos
ímpios. Eles não conhecem, nem entendem; andam em trevas; todos os fundamentos
da terra vacilam. Eu disse: Vós sois deuses, e todos vós filhos do Altíssimo. Todavia
morrereis como homens, e caireis como qualquer dos príncipes. Levanta-te, ó
Deus, julga a terra, pois Tu possuis todas as nações.”
(Salmos 82:1-8)
E,
por outro lado; Rabi Yeshua parece totalmente contra tal posicionamento de
acordo com a primeira citação bíblica (Mateus 15:1-9), e Paulo reclama ter o “monopólio”
da Verdadeira Tradição Bíblica tomando uma postura intermediária entre Rabi
Yeshua e os adéptos da Tradição. A aparente contradição é resolvida citando um
dado da própria Tradição; para a Tradição Judaica, a Pura Verdade se encontra
na Revelação do Sinai, com o passar do tempo, a clareza dessa Verdade vai se tornando
cada vez mais “turva” por causa da malícia dos homens, assim, quanto mais
próximo da Revelção do Sinai se encontrar históricamente o juíz que decretou
determinada lei da Tradição mais autoridade às palvras deste juíz é conferida
em detrimento da autoridade do juíz que vem depois.
Dessa
forma, é comum observar os rabinos discutindo uns com os outros questões da
Halakhá (leis da Tradição) baseados nas citações de rabinos de gerações
anteriores enquanto se desmerecem mutuamente em relação ás suas próprias
sentenças formuladas em sua geração. Isso porque para os judeus, quanto mais
próximo da Revelação do Sinai historicamente se encontre determinado rabino,
mais autoridade lhe é conferida pela geração posterior, conseqüêntemente, em
uma mesma geração, de um rabino para outro as sentenças formuladas constituem
autoridade de lei para uma determinada congregação, mas não é autoridade de lei
de um rabino para o outro, por outro lado, a geração seguinte estudará com
reverência os tratados tanto de um quanto do outro. Éste é o fundamento do
provérbio; “onde há dois judeus há três opiniões”, e por outro lado, em relação
à reverência da geração seguinte em relação ao material produzido pela geração
anterior, é citado pela Tradição como segue:
“Moisés
recebeu a Torá no Sinai e entregou-a a Josué; Josué aos anciãos; os anciãos aos
profetas; e os profetas a entregaram para os homens da Grande Assembléia...”
(Pirkei Avot 1:1)
“Você sabia que todas as informações
que estamos aprendendo
hoje podem ser rastreadas diretamente
para Moshe no Monte Sinai? Esta cadeia explica como a Torá foi passada de rabino para estudante, a partir de Moshe até hoje. Ela abrange
3.327 anos e não há uma única lacuna! Cada ano é contabilizado.
Isso é muito surpreendente!”
(Rabino
Berel Wein (Jerusalém, 1934 – Presente) Pirkei Avot: Ensinamentos para os
Nossos Tempos (Avot 1: 1)
“O Rabino Yehoshua Ben Levi afirmou: Qualquer
um que ensina seu neto sobre a Torá, é o mesmo que receber a Torá no Monte
Sinai.”
(Talmud Bavli, Kiddushin 30ª)
“A Torá é
superior ao Sacerdócio e à Realeza, pois a Realeza requer trinta qualidades, o Sacerdócio
vinte e quatro, mas a Torá requer
quarenta e oito qualidades. E elas são: estudo, atenção pelo ouvido, repetição
em voz alta, inteligência do coração, respeito, temor, humildade, alegria,
pureza, convívio com Sábios, aproximação dos companheiros, debate com os
discípulos, bom senso, conhecimento da Escritura, conhecimento da Tradição...
paciência, bom coração, confiança nos Sábios, resignação no sofrimento,
conhecer o seu lugar, contentar-se com a sua porção, medir suas palavras, não
exigir créditos para si, ser amado, amar o Todo-Presente, amar o seu próximo,
amar a retidão, prezar as críticas, afastar-se das honrarias, não inflar o
coração por causa do desconhecimento, não se deleitar em dar ordens, ajudar o
próximo a carregar o seu jugo: julgá-lo com indulgência, pô-lo no caminho da paz;
estudar com método, perguntar conforme o assunto e responder conforme a regra,
ouvir e aumentar o conhecimento, aprender para ensinar, aprender para praticar,
estimular a sabedoria do mestre, raciocinar sobre o que ouvir e dizer coisas em
nome de quem as disse. Sabe-se que todo aquele que diz uma coisa, citando o
nome de quem a disse, traz a redenção ao mundo, pois foi dito: “E disse Ester
ao rei em nome de Mordekhai”
(Pirkei
Avot Capítulo 6 / Ester 2:22)
Só
assim é possível resolver esta aparente contradição, pois, se as leis da
Tradição formulada por rabinos, só serão reverenciadas pelos rabinos da geração
posterior e por sua vez desdenharam as leis formuladas em sua própria geração,
quando observamos Rabi Yeshua desmerecendo a Tradição, não se deve entender que
ele estaria desmerecendo as Palavras dos Pais, antes ele desmerece as palavras
dos rabinos de sua geração naquilo em que ele entende que está ferindo os
princípios fundamentais da própria Torá, e a mesma postura foi tomada pelos rabinos
de sua geração que combateram com ele em relação a questões de Tradição dos Antigos.
Em suma;
Rabi Yeshua e Paulo desmerecem a Tradição formulada em sua geração, enquanto
tomam como válida a Tradição formulada por gerações anteriores, pois, Rabi
Yeshua está sujeito a Torá (Mateus 5:17 / Lucas 24:44) e a própria Torá confere
autoridade a Tradição (Deuteronômio 17:8-13), como Rabino, Rabi Yeshua formulou
as suas próprias leis da Tradição que foram reverenciadas por uns e desmerecidas
por outros e isso é um fenômeno corrente no Mundo Judaico desde o seu
surgimento até os dias de hoje.
De volta ao ponto
inicial
“Sede meus imitadores, como também eu de
Cristo. E louvo-vos, irmãos, porque em tudo vos lembrais de mim, e retendes os
preceitos como vo-los entreguei. Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de
todo o homem, e o homem a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo. Todo o
homem que ora ou profetiza, tendo a cabeça coberta, desonra a sua própria
cabeça.
Mas toda a mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta, desonra a sua
própria cabeça, porque é como se estivesse rapada. Portanto, se a mulher não se
cobre com véu, tosquie-se também. Mas, se para a mulher é coisa indecente
tosquiar-se ou rapar-se, que ponha o véu. O homem, pois, não deve cobrir a
cabeça, porque é a imagem e glória de Deus, mas a mulher é a glória do homem. Porque
o homem não provém da mulher, mas a mulher do homem. Porque também o homem não
foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do homem. Portanto, a
mulher deve ter sobre a cabeça sinal de poderio, por causa dos anjos. Todavia,
nem o homem é sem a mulher, nem a mulher sem o homem, no Senhor.
Porque, como a mulher provém do homem, assim também o homem provém da mulher,
mas tudo vem de Deus.
Julgai entre vós mesmos: é decente que a mulher ore a Deus descoberta?
Ou não vos ensina a mesma natureza que é desonra para o homem ter cabelo
crescido? Mas ter a mulher cabelo crescido lhe é honroso, porque o cabelo lhe
foi dado em lugar de véu.
Mas, se alguém quiser ser contencioso, nós não temos tal costume, nem as
igrejas de Deus. Nisto, porém, que vou dizer-vos não vos louvo; porquanto vos
ajuntais, não para melhor, senão para pior.”
(1 Coríntios 11:1-17)
Ao se reportar aos coríntios, Paulo não faz questão
de mencionar explicitamente a Tradição Judaica, fonte de suas afirmações - como
por exemplo em relação ao véu (Midrash sobre Bereshit – Gênesis 3:16) – porque eles,
os coríntios, por serem gregos não dariam valor algum a tais informações, Paulo
por outro lado, por ter sido educado na Religião Judaica por ninguém menos que Rabi
Gamaliel I (Atos 22:3), príncipe do Sinédrio (Talmud Babilônico-Tratado Shabat
15ª), conhecia bem o valor e a força que tais fontes representavam para toda a
Judéia.
Tendo ele acesso e domínio das fontes, se apoia e
propaga delas o que lhe convém de acordo com a necessidade de fundamentar esta
ou aquela doutrina.
Assim que; se para a instituição do véu Paulo se
apoia no Midrash Bereshit 3:16, então, para afirmar de forma asseverada sobre o
corte de cabelos masculino em distinção ao corte de cabelos feminino, como se
segue:
“Julgai entre vós mesmos: é decente que a
mulher ore a Deus descoberta?
Ou não vos ensina a mesma natureza que é desonra para o homem ter cabelo
crescido?”
(1 Coríntios 11:13,14)
Paulo precisou também acessar para si outras fontes
da vasta Tradição Judaica, e desta vez, esta fonte se encontra como Tradição no
próprio Tanakh – Bíblia – como está escrito:
“E disse-me o Senhor: Filho do homem,
pondera no teu coração, e vê com os teus olhos, e ouve com os teus ouvidos,
tudo quanto eu te disser de todos os Estatutos da Casa do Senhor, e de todas as
Suas Leis; e considera no teu coração a entrada da Casa, com todas as saídas do
Santuário. E dize ao rebelde, à Casa de Israel: Assim diz o Senhor Deus:
Bastem-vos todas as vossas abominações, ó Casa de Israel! Porque introduzistes
estrangeiros, incircuncisos de coração e incircuncisos de carne, para estarem
no meu santuário, para o profanarem em Minha Casa, quando ofereceis o Meu Pão,
a gordura, e o sangue; e eles invalidaram a Minha Aliança, por causa de todas
as vossas abominações. E não guardastes a ordenança a respeito das Minhas Coisas
Sagradas; antes vos constituístes, a vós mesmos, guardas da Minha Ordenança no Meu
Santuário. Assim diz o Senhor Deus: Nenhum estrangeiro, incircunciso de coração
ou incircunciso de carne, entrará no Meu Santuário, dentre os estrangeiros que
se acharem no meio dos Filhos de Israel. Mas os levitas que se apartaram para
longe de Mim, quando Israel andava errado; os quais andavam transviados,
desviados de Mim, para irem atrás dos seus ídolos, levarão sobre si a sua
iniqüidade. Contudo serão ministros no Meu Santuário, nos ofícios das portas da
Casa, e servirão à Casa; eles matarão o holocausto, e o sacrifício para o Povo,
e estarão perante eles, para os servir. Porque lhes ministraram diante dos seus
ídolos, e fizeram a Casa de Israel cair em iniqüidade; por isso Eu levantei a Minha
Mão contra eles, diz o Senhor Deus, e levarão sobre si a sua iniqüidade. E não
se chegarão a Mim, para Me servirem no sacerdócio, nem para se chegarem a
alguma de todas as Minhas Coisas Sagradas, às coisas que são Santíssimas, mas
levarão sobre si a sua vergonha e as suas abominações que cometeram. Contudo, Eu
os constituirei guardas da Ordenança da Casa, em todo o seu serviço, e em tudo
o que nela se fizer.
Mas os sacerdotes levíticos, os filhos de Zadoque, que guardaram a Ordenança do
Meu Santuário quando os filhos de Israel se extraviaram de Mmim, eles se
chegarão a Mim, para Me servirem, e estarão diante de Mim, para Me oferecerem a
gordura e o sangue, diz o Senhor Deus.
Eles entrarão no Meu Santuário, e se chegarão à Minha Mesa, para me servirem, e
guardarão a Minha Ordenança; e será que, quando entrarem pelas portas do átrio
interior, se vestirão com vestes de linho; e não se porá lã sobre eles, quando
servirem nas portas do átrio interior, e dentro.
Gorros de linho estarão sobre as suas cabeças, e calções de linho sobre os seus
lombos; não se cingirão de modo que lhes venha suor.
E, saindo eles ao átrio exterior, ao átrio de fora, ao Povo, despirão as suas
vestiduras com que ministraram, e as porão nas santas câmaras, e se vestirão de
outras vestes, para que não santifiquem o Povo estando com as suas vestiduras. E
não raparão a sua cabeça, nem deixarão crescer o cabelo; antes, como convém,
tosquiarão as suas cabeças. E nenhum sacerdote beberá vinho quando entrar no
átrio interior. E eles não se casarão nem com viúva nem com repudiada, mas
tomarão virgens da linhagem da casa de Israel, ou viúva que for viúva de
sacerdote. E a meu Povo ensinarão a distinguir entre o santo e o profano, e o
farão discernir entre o impuro e o puro.”
(Ezequiel 44:5-23)
Esta é a única referência explicita sobre corte de cabelo
em toda a Bíblia. É claro que sempre que pensamos em cabelo na lei nos
lembramos do Voto do Nazireu (Números 6:1-21), no entanto, este é outro
assunto.
O seguinte versículo de Devarim 22:5 é o cerne de toda
esta regulamentação dos cortes de cabelos masculinos e femininos, e é como
segue:
ולא אשה על גבר כלי יהי לא
אשה שמלת גבר ילבש
אלהיך יהוה תועבת כי
אלה עושה כל
Que
foi traduzido popularmente desta forma:
“Não haverá traje de homem na mulher, e nem
vestirá o homem roupa de mulher; porque, qualquer que faz isto, abominação é ao
Senhor teu Deus.”
(Deuteronômio 22:5)
No entanto, seria mais esclarecedor se o versículo
tivesse sido traduzido popularmente assim:
“Não
deve haver detalhes de homem sobre a mulher e o homem não deve se vestir como
mulher, porque abominação é para o Eterno todos os que assim procedem.”
Conclusão
Desta forma conclui-se que; Paulo em 1 Coríntios
11:13-14 fez referencia a Ezequiel 40:20 que por sua vez se refere a
Deuteronômio 22:5, e tudo isso de acordo com o estipulado em Deuteronômio
17:8-13 cujo o fim é estabelecer que o homem deve ter cabelos curtos e a mulher
cabelos cumpridos pois essa é a mais Pura e Verdadeira Vontade Divina.