quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Descobrindo a nossa própria essência


Descobrindo a nossa própria essência
Parashá Vayelekh (Deuteronômio 31)


     O Talmud relata que antes de sua morte, Moshé escreveu 13 rolos da Torá, um para manter na Arca Sagrada e os outros para serem distribuídos a cada uma das 12 Tribos. Esta foi uma maneira engenhosa de garantir a integridade do texto da Torá, para que todas as cópias futuras pudessem ser verificadas com as originais Escritas por Moshé.
    Curiosamente, esta Parashá menciona a última das 613 Mitzivot: a obrigação de cada um escrever a sua própria cópia da Torá. Embora tenha herdado uma, mesmo assim deveriam escrever uma cópia por conta própria.


     Os comentaristas explicam que hoje realizam esta Mitzivá acumulando livros referentes ao estudo da Torá em uma biblioteca, criando um ambiente propício ao estudo da Torá.
     Mas existe uma mais profunda aqui. A Mitzivá de escrever um Rolo da Torá em si significa internalizar a Torá. Criar uma relação emocional com a Torá, para que os nossos pensamentos e ações venham a ser sempre filtrados pelo prisma da Torá. A Torá sempre forneceu aos judeus informações e orientações sobre tudo, de negócio a casamento, desde as tragédias às celebrações, etc.


     Rabino Emanuel Feldman escreve:

"Além de qualquer razão racional, a Torá é uma ponte que liga ao misterioso Deus judaico, através do qual eles podem interagir e se comunicar, e através do qual Deus mantém Sua Aliança com o Seu Povo, a Aliança em mantê-los e protegê-los. Quando estudamos Torá, não estamos estudando um texto abstrato e arcaico de um mundo antigo. Estamos estudando a maneira que Deus quer que vivamos na Terra ... na verdade estamos descobrindo a essência do judaísmo, que é o mesmo que dizer, a essência de nós mesmos. "


     Em Sukot, costumamos ler o Sefer Kohelet (Eclesiastes), o que aparentemente parece à primeira vista uma contradição, pois, das três festas da Peregrinação, Sukot é a mais alegre delas por excelência, o Sefer Kohelet, porém, parece nos dizer que toda essa engenhosidade em promover esta festa ou qualquer outra é vã!
     A chave para descobrirmos o porquê os nossos sábios determinaram a leitura de Kohelet em Sukot se encontra no final do mesmo livro, que em português diz:

“De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e segue os Seus Mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem. Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra, a até tudo o que está encoberto, quer seja bom, que seja ruim.”
(Eclesiastes 12:13-14)



     Segundo o texto em português, devemos realizar a festa de Sukot, assim como as demais festas e cumprir com os Mandamentos de Deus, porque Deus Mandou, isso nos diferenciaria dos demais povos da terra, ou seja; há os homens que crêem em Deus segundo a orientação da Torá e há os homens que não crêem em Deus segundo a orientação da Torá. Portanto, a conclusão do texto em português é: “Apesar de parecer vã todas essas coisas, deveis fazê-las pelo simples fato das mesmas terem sido Ordenadas por Deus.”

     O texto em hebraico, porém, nos traz uma perspectiva diferente:

 rwmv wytwum-taw ary Myhlah-ta emvn lkh rbd Pwo
 jpvmb aby Myhlah hvem-lk-ta yk Mdah-lk hz-yk
 er-Maw bwj-Ma Mlen-lk le

Sof Davar HaKol Nishma Et-HaElohim Yerá VeEt-Mitzivotav Shemor, Ki Zê Kol HaAdam, Ki-Et-Kol Maasse HaElohim Yavo BeMishpat Al Kol-Neelam Im-Tov VeIm-Ra

“A conclusão de tudo o que ouvimos é: Ao Eterno temerás e aos Seus Mandamentos guardarás, pois, isto é todo o homem, porque tudo que foi feito por Deus virá em Juízo, mesmo sobre o que está encoberto, seja bom, ou seja ruim.”


     As Escrituras Sagradas em sua língua original nos traz um dado interessante quando em contraste com o texto em português. O texto em português parece nos dizer que; “apesar de ser vã a guarda dos Mandamentos, devemos guardá-los, pois, nos diferencia dos homens que não crêem em Deus.” O texto em Hebraico, por outro lado, nos diz diferente, ele nos diz que: “Guardar os Mandamentos, é isto que é todo o homem.”
ary Myhlah-ta emvn lkh rbd Pwo
 Mdah-lk hz-yk rwmv wytwum-taw

“O Fim de tudo o que foi ouvido é: A Deus temerás e aos Seus Mandamentos guardarás, pois, isto é todo o homem.”

     Enquanto o texto em português diz que guardar aos Mandamentos é dever de todo o homem, o texto em Hebraico nos informa que; guardar aos Mandamentos é isso que é todo o homem, em outras palavras, não existe homem sem a guarda dos Mandamentos. Ou seja; sem a guarda dos Mandamentos de Deus, os homens na verdade são como os animais, espiritualmente não há distinção alguma, pois, guardar os Mandamentos de Deus não é o dever de todo homem, na verdade são os Mandamentos de Deus que nos faz diferentes dos animais, pois, os Mandamentos de Deus nos educa em relação aos nossos impulsos naturais que na verdade não tem distinção alguma dos impulsos dos animais.


     Os cientistas acreditam que o que nos distingue dos animais é a capacidade de raciocinar, se fosse apenas isso, os chimpanzés de fato seriam uma espécie de “nossos ancestrais”, se fosse pela inteligência que nós nos distinguiríamos dos animais, quanto mais inteligente fosse um animal mais homem o animal se tornaria.

     Kohelet nos ensina que o que nos distingue dos animais, não é o nosso aspecto físico, pois, neste sentido, somos tão animais como qualquer deles, não é na nossa capacidade de modificar o meio-ambiente em que vivemos, pois, os cupins, as formigas e os castores fazem o mesmo, não é porque somos capazes de vivermos em sociedade, pois, se fosse assim, as abelhas seriam mais homens do que nós.


     O que nos faz homens, distintos totalmente dos animais é a guarda dos Mandamentos de Deus, é o Estudo da Torá. Dessa forma, não existem os crentes em Deus e os homens descrentes, na verdade só existem os homens e os animais cuja distinção será percebida pela guarda dos Mandamentos de Deus, pois:

!Mdah-lk hz
Isto é todo o homem!
Shalom UL’Hitraot!!!

2 comentários:

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    Sou António Batalha, portugues e cristão evangelico. Deixo a minha benção, e a paz de Jesus.
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